A rede de restaurantes americana Wendy’s, a terceira maior cadeia de fast-food do mundo, vai abrir a primeira loja no país em julho, em São Paulo. Segundo antecipou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, a primeira fase do plano de investimento prevê US$ 10 milhões aplicados em cinco lojas em 2016, com a contratação de 600 funcionários. Em dez anos, devem ser abertas 100 lojas no país.
Com vendas anuais de US$ 1,9 bilhão em 2015 no mundo, leve queda em relação aos US$ 2 bilhões em 2014, a Wendy’s tem cerca de 6,5 mil lojas em 29 países, entre pontos próprios e franquias.
Para a entrada da marca no Brasil, foi criada uma empresa, a Wendy’s Brasil, a partir de uma joint venture da Wendy’s americana, do grupo Starboard, maior franqueador da rede nos Estados Unidos, com a brasileira Infinity Services, do empresário Marcel Gholmieh, responsável por trazer outras marcas de restaurantes ao país, como Jamie Oliver, Hooters e Behinana.
As duas primeiras unidades serão lojas conceito da marca no Brasil – uma na rua Funchal, zona sul de São Paulo, e uma segunda na Avenida Juscelino Kubitschek. Ambas serão inauguradas na primeira quinzena de julho.
As aberturas ocorrem um momento em que a Wendy’s vende parte de suas lojas no mundo. A empresa informou em relatório de resultados de 2015 que pretende se desfazer de cerca de 315 restaurantes em 2016. Foram vendidos 826 pontos entre 2013 e 2015, como parte da iniciativa de “otimização do sistema da companhia”.
A rede terá apenas lojas próprias nesta primeira fase de expansão no Brasil, com a abertura de franquias num segundo momento, depois que for atingida uma escala maior de pontos, apurou o Valor. A empresa nunca teve lojas no país – em 1993, a Arby’s, rede que se uniu à Wendy’s em 2008, entrou no mercado brasileiro, mas em 1999 fechou as 24 lojas em operação. Forte concorrência, rejeição aos produtos e problemas com câmbio teriam levado a Arby’s a sair do país. Na época, Pizza Hut, Domino’s, KFC e Subway também tiveram problemas com a operação brasileira.
A Wendy’s chega num momento em que o setor já está ocupado pelas maiores redes de fast-food do mundo – McDonald’s, Burger King e Subway – o que torna mais difícil e caro uma ocupação de mercado. Crescem os gastos necessários para disputar o bolso do consumidor num setor mais maduro que nos anos 90. A competição acirrou-se, as margens declinaram e o volume de promoções cresceu, reflexo da recessão.
É por isso que, acreditam analistas, a Wendy’s deve ter foco inicial nas classes A e B. A abertura de uma loja conceito pode ser parte da estratégia de apresentar uma marca de produtos “frescos e de qualidade”, tentando se descolar da imagem de outras redes.