A companhia resultante da eventual fusão entre as varejistas de moda Restoque e Inbrands deve receber uma capitalização de R$ 500 milhões, segundo fontes com conhecimento da operação. As duas empresas anunciaram na quinta-feira à noite, por meio de fato relevante enviado ao mercado, que negociam uma fusão. A Restoque é dona das marcas Le Lis Blanc, Bo.Bô, John John, Rosa Chá e Dudalina, enquanto a Inbrands tem em seu portfólio Richards, Ellus, Alexandre Herchcovitch e VR, entre outras.
As companhias também comunicaram a necessidade de se fazer um aumento de capital para reduzir a alavancagem da empresa resultante. A capitalização, informaram, seria ancorada pelos atuais acionistas. Ao mesmo tempo, segundo pessoa a par do assunto, a injeção de recursos permitirá que a empresa retome o fôlego para prosseguir consolidando o setor.
Segundo o Valor apurou, a estimativa é que os atuais acionistas das duas empresas respondam por ao menos dois terços (66%) da capitalização. Os fundos de private equity Warburg Pincus e Advent International, acionistas da Restoque, ainda não decidiram se vão aderir ou não. Caso resolvam participar, os atuais acionistas podem responder por 100% da capitalização.
O Valor apurou que já está fechada a participação na capitalização do fundo Artesia, dos investidores Marcelo Lima e Marcio Camargo, assim como do fundador da Ellus e sócio da Inbrands, Nelson Alvarenga. A Vinci Partners, de Gilberto Sayão e Alessandro Horta, que controla a Inbrands, também deve aderir.
Agora terá início a fase de “due diligence” (auditoria legal) nas contas das duas empresas, processo que deve levar entre três e cinco semanas. Uma vez confirmados os números apresentados por ambos os lados nas negociações, a operação deve prosseguir.
De acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto, cálculos preliminares indicam que a fusão deve gerar economia de R$ 100 milhões por ano, em função de otimização das compras e corte de custos.
Os dois grupos chegaram a negociar uma fusão em 2014, mas o acordo não prosperou devido a divergências quanto à avaliação das respectivas empresas e à participação acionária que Nelson Alvarenga teria na companhia resultante. Na sequência, a Restoque acabou fechando negócio com a Dudalina, marca conhecida por suas camisas femininas.
A Inbrands, por seu lado, planejava uma oferta inicial de ações, mas teve os planos atropelados pelas condições ruins do mercado acionário. Uma possibilidade que era estudada mais recentemente pelos acionistas era um novo aporte de recursos por um fundo de private equity. Foi quando houve nova tentativa de aproximação da Restoque.
O ambiente econômico adverso colaborou para reaproximar os concorrentes, que buscam formas de ganhar escala e cortar custos. Ambas as empresas têm operado no vermelho. A nova empresa poderá unificar áreas como logística, financeiro e recursos humanos, mantendo separadas apenas as marcas e o marketing de cada uma delas.
Se for adiante, a fusão criará uma companhia com mais de 720 lojas, entre próprias e franquias, e receita líquida de pouco mais de R$ 2 bilhões – a Restoque faturou R$ 1,14 bilhão nos 12 meses até março e a Inbrands, R$ 900,7 milhões. A primeira está focada em moda feminina e no ‘luxo acessível’, enquanto a segunda tem forte presença no segmento masculino e em moda casual.