As vendas no varejo de material de construção cresceram 8% em março, na comparação com fevereiro deste ano. O desempenho, no entanto, ficou 4% abaixo do registrado em março de 2015. Com isso, o setor fechou o primeiro trimestre do ano com 10% de queda sobre o mesmo período do ano passado.
Os dados são do estudo mensal realizado pelo Instituto de Pesquisas da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), com o apoio da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati), Instituto Crisotila Brasil, Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer) e Sindicato Indústria Artefatos de Metais Não-Ferrosos do Estado de São Paulo (Siamfesp). O levantamento ouviu 530 lojistas, das cinco regiões do país, entre os dias 28 a 31 de março. A margem de erro é de 4,3%.
Segundo o estudo, a Região Sudeste apresentou a maior variação positiva no mês, de 10%, seguida pelo Sul (6%), Norte e Nordeste (3%). No Centro-oeste as vendas se mantiveram estáveis em março.
– Esse já era um comportamento esperado pelo nosso setor, afinal as vendas sempre sobem após o feriado do Carnaval. Além disso, a maior parte das categorias pesquisadas no mês tiveram alguma recuperação nas vendas em março. Foi assim com revestimentos cerâmicos, que cresceu 5%, louças sanitárias e telhas de fibrocimento, que cresceram 4% cada, e fechaduras e ferragens, que tiveram desempenho 2% superior. Tintas e metais sanitários ficaram estáveis no período – explica o presidente da Anamaco, Cláudio Conz.
De acordo com o levantamento, 46% dos entrevistados esperam recuperar parte das vendas já em abril.
– Isso demonstra o otimismo do setor com os fatores que tendem a dar impulso às vendas novamente nesta época do ano. Um deles é o fim “das águas de março”, pois as chuvas afetam muito a comercialização dos nossos produtos, especialmente nas Regiões Sul e Sudeste, que detêm mais de 60% do consumo dos materiais de construção no Brasil. Em compensação, há certamente muita coisa para se reparar nos imóveis agora que esse período deve cessar – completa Conz.
O presidente da Anamaco também analisa o impacto do atual cenário político na economia do setor:
– O encaminhamento da solução política, seja ela qual for a escolhida, também já permite que tenhamos uma melhor noção da economia, basta ver o aumento significativo de entrada de capitais estrangeiros neste primeiro trimestre, que foi muito superior ao ano passado. Essa semana também tivemos o lançamento da terceira etapa do Minha Casa Minha Vida, que deve dar alento e apresentar resultados a partir do segundo semestre, assim como novas medidas de liberação de crédito que também devem começar a irrigar as vendas no comércio – declara.
Para Conz, a principal característica de 2016 é que será um ano de retomada, pois muitas obras adiadas em 2015 estão sendo retomadas.
-Estamos vendo um movimento muito forte de retomada da manutenção predial, seja porque os imóveis ficaram vazios, seja porque estão à espera de novos inquilinos. Esse movimento reforça a necessidade de reformas e adequações e influencia diretamente o nosso setor.
Outro ponto positivo mencionado por ele, é que os produtos do setor estão com preços mais acessíveis ao consumidor final, mas por pouco tempo:
– Estamos observando a abertura de novas lojas e de investimentos em melhoria, uma vez que o varejo está encontrando pontos e áreas com preços bem inferiores aos pedidos até 2014. A indústria do nosso setor fez fortes ajustes em 2015, diminuindo a produção, o que afetará a reposição dos baixos estoques existentes atualmente nas lojas. Já é significativo o aumento nos indicadores de ruptura dos estabelecimentos, no aumento de prazo para entrega e aumentando a entrega parcial de pedidos – diz.
Para 2016, a Anamaco continua prevendo crescimento de 6% sobre 2015, mas as maiores dificuldades do setor, segundo a entidade, estarão no abastecimento regular e na logística, tanto de recebimento como na entrega as consumidores.
– Esses dois itens vem apresentando forte necessidade de aumento de preços. Para quem já fez esses ajustes, o melhor a fazer é olhar para dentro da empresa e buscar boas oportunidades de melhoria, que são apenas visíveis na crise, como investimento em treinamento e qualificação. Estar atento ao chão da loja e na melhoria da equipe serão duas ações fundamentais para quem quer fazer a diferença em 2016 – finaliza o presidente da Anamaco.
Com cerca de 148 mil lojas em todo o país (incluindo 136.868 lojas varejistas e mais de 12 mil lojas atacadistas), o setor de material de construção é parte integrante do complexo denominado de ConstruBusiness, que representa 9,1% do PIB brasileiro. Cada R$1 produzido na construção gera R$ 1,88 na produção do país. As atividades da cadeia ocuparam 11,3 milhões de pessoas em todo o país em 2014, sendo que comércio e serviços correspondem a 16,2% desse total.
Segundo a Anamaco, a cadeia da construção é o quarto maior gerador de empregos do país e remunera seus trabalhadores 11,7% mais do que os outros setores da economia. Em termos reais, o valor adicionado pelo comércio de material de construção cresceu a uma taxa de 8,5% ao ano entre 2007 e 2014, e o emprego expandiu-se a um ritmo de 6,5% ao ano.