17/11/2015 às 05h00 Por Adriana Mattos | De São Paulo O comando da Riachuelo disse ontem que os consumidores estão muito menos sensíveis aos instrumentos de crédito do que anos atrás e, com a dificuldade de trazer clientes de volta para as lojas, a empresa intensificou promoções de preços, afetando a rentabilidade do terceiro trimestre. Essa política deve se manter pelo quarto trimestre de 2015 e primeiro trimestre de 2016, mas com menor força, afirmou Tulio Queiroz, diretor financeiro. “Pressão na margem deve continuar, mas não na mesma intensidade do terceiro trimestre, quando atingiu o pico”, afirmou. “De meados de novembro a dezembro vamos preservar mais vendas com novas coleções e voltamos com mais intensidade [promocional] em janeiro e fevereiro, para em março entrarmos com coleção completamente nova. Porque se você fica só ajustando estoque, isso pode afetar percepção de marca”. A rede somou ao fim de setembro 274 lojas eram 233 em setembro de 2014. O nível de estoque ainda elevado e o fato de não atingir volume esperado de vendas para os últimos dois trimestres levaram a companhia a manter um forte processo de remarcações no período. “A deterioração do cenário macroeconômico e a baixa performance do setor dificultaram a reação das vendas no período e contribuíram para a manutenção do nível de estoque em um patamar acima do ideal”, escreveu a empresa em relatório. A receita líquida consolidada cresceu 17,7%, para R$ 1,32 bilhão. No critério vendas “mesmas lojas” (em operação há mais de 12 meses), houve redução de 2,1%. A margem bruta consolidada atingiu 48,4%, com queda de 5,6 pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre de 2014. A provisão para devedores duvidosos passou de R$ 88 milhões para R$ 186 milhões. O índice que indica perda de receita do cartão Riachuelo, por falta de pagamento do consumidor, encerrou o trimestre em 7,7% era de 6,7% em setembro de 2014. “Reforçamos estoque de provisão por causa da piora do índice de inadimplência”, disse Queiroz. O indice deve atingir 8,5% no fim do ano e por isso a empresa reforçou a provisão. Segundo relatório de análise da Brasil Plural, a Riachuelo “deu um passo para trás” e começou a enfrentar “vários problemas que estão afetando seu desempenho operacional” e acrescentando riscos para o lucro num cenário macroeconômico mais difícil. A equipe de análise cita mudanças e decisões tomadas no período, como a eliminação de estoque por meio de remarcações mais intensas, corte no plano agressivo de abertura de lojas e a adoção de uma política de crédito mais rigorosa. Houve “retrocessos temporários que levaram a um pedágio severo sobre ganhos do terceiro trimestre”, escreveu Guilherme Assis, analista da Brasil Plural. “Olhando para a frente, acreditamos que as perspectivas macro continuarão a pressionar o sentimento do consumidor, evitando qualquer recuperação consistente nos ganhos”, disse Assis.
Valor Econômico – SP