27.06.2015
O caminho para o acesso à energia solar por pequenos e médios estabelecimentos comerciais do Ceará poderá ser encurtado. Os presidentes da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Severino Neto, pleiteiam junto ao Banco do Nordeste (BNB) uma linha de financiamento com condições especiais para beneficiar os lojistas interessados em investir nesse tipo de energia para o consumo próprio.
“Hoje, para quem tem uma fatura mensal de energia elétrica de cerca de R$ 600, R$ 700 reais já se justifica ter um sistema de geração de energia solar”, defende Freitas Cordeiro.
Os representantes das duas entidades apresentaram uma proposta de financiamento pessoalmente ao presidente do BNB, Marcos Holanda, no dia 12 deste mês. O presidente da FCDL-CE afirma que o representante da instituição financeira não deu prazo para dar um posicionamento frente às demandas, mas se mostrou bastante receptivo às propostas. Embora ainda não estejam definidas sob quais condições os lojistas poderiam contar com o crédito, Freitas Cordeiro afirma que as facilidades requisitadas dão condições para que os pequenos e médios comerciantes possam arcar com o pagamento sem ficarem inadimplentes.
“A provocação que nós fizemos (ao Marcos Holanda) é que no financiamento a parcela desembolsada pelo lojista deve ser menor do que o valor que ele já paga mensalmente na sua fatura de energia”, diz.
Fundo garantidor
Com o objetivo de dar segurança ao banco de que os contratantes do crédito tenham condições de arcar com o compromisso, FCDL-CE e CDL Fortaleza também propuseram a criação de um fundo garantidor exclusivo para a operação destinada a projetos de energia solar. “Um percentual de cada projeto seria destinado a esse fundo. Além disso, o banco aceitaria o equipamento adquirido como reforço de garantia. Em um eventual insucesso, aquele bem estaria garantido ao banco”, afirma.
Quanto custa
Segundo o presidente da FCDL-CE, o custo para a implementação de um pequeno projeto de geração de energia solar custa a partir de R$ 50 mil. Embora seja um investimento elevado para pequenos e médios empresários - daí a necessidade de se contar com financiamento - as placas fotovoltaicas costumam ter vida útil de 25 anos. Ou seja, se por exemplo o investidor conseguir arcar com todas as parcelas do financiamento de seu projeto durante oito anos, poderá desfrutar de energia solar sem “pagar nada” por mais 17 anos.
Dentre as vantagens de se optar pela geração de energia solar, Freitas destaca a segurança do fornecimento, em comparação com o abastecimento convencional. “Por conta dessa crise energética, nós temos que procurar alternativas. Quando você observa um encarecimento de energia gerada da maneira normal, de hidrelétricas, inclusive com ameaça de falta, chega ao ponto em que além de pagar caro eu não tenho a garantia de receber”, argumenta.
Freitas destaca que a federação já está recebendo os possíveis interessados em implementar sistemas de geração de energia solar em seus estabelecimento para consultas prévias de orçamento e viabilidade dos projetos. Esse serviço está sendo prestado gratuitamente. As demonstrações de interesse iniciais também servirão, segundo ele, para que o BNB possa mensurar a quantidade de clientes que podem ser atendidos inicialmente pela linha de financiamento especial.
Cartão de crédito
Além de financiamento para projetos de geração de energia solar, as entidades lojistas lançaram ao BNB a proposta da criação de um cartão de crédito voltado para pessoa física. A ideia é disponibilizar taxas de juros, anuidades e outros benefícios especiais para a clientela dos associados à entidade do varejo.
Em nota enviada por meio de sua assessoria de imprensa, o Banco do Nordeste do Brasil afirmou que as demandas apresentadas pela CDL e FCDL-CE “encontram-se atualmente em estudo pelo corpo técnico da instituição. Especificamente, o financiamento para projetos de energia renovável também requer articulação com outros órgãos e instituições para viabilização da linha de crédito”.
Murilo Viana
Repórter
Diário do Nordeste on-line – CE