30/04/2015 às 05h00
Por Assis Moreira | De Bruxelas
O presidente executivo da AnheuserBusch InBev, Carlos Brito, afirmou ontem que o investimento do maior grupo cervejeiro do mundo vai continuar forte no Brasil, seu segundo maior mercado globalmente, apesar do cenário difícil atualmente. ”Continuamos otimistas com o Brasil porque reconhecemos que seus fundamentos fazem o país ser um grande mercado para um negócio como o nosso”, disse Brito ao Valor, após assembleia geral do grupo ontem em Bruxelas. A Ambev, subsidiária da AB InBev, programou investir cerca de R$ 3 bilhões neste ano no país. Para Brito, não adianta ficar analisando a difícil situação macroeconômica. “Sempre quando a economia vai melhor as pessoas consomem tudo a mais, inclusive cerveja, mas macroeconomia é algo que não podemos controlar”, disse. “Focamos naquilo que podemos controlar e conhecemos: cerveja, água refrigerantes, energéticos”. Seja qual for o cenário no Brasil, diz ele, dá para continuar expandindo os negócios. Na empresa, existe expectativa de crescimento de vendas ao público com idade legal para consumir cerveja e espaço para expansão no Norte e Nordeste. Em seu relatório anual, o grupo diz que suas estratégias de pacotes a preços especiais, garrafas retornáveis e inovação permanecem como prioridade comercial no Brasil. ”Continuamos expandindo fábricas ou linhas que estão sendo adicionadas. O investimento no Brasil continua forte”, disse o executivo. Em 2014, as vendas, em reais, cresceram 11,2% no Brasil. Brito diz que um terço desse aumento devese à Copa do Mundo, que impulsionou o consumo de cerveja. Os outros dois terços foram mesmo o mercado doméstico. Certos analistas projetam queda de 2,5% no volume de cerveja vendida no primeiro semestre no Brasil. Avaliam que será difícil para a AmBev a comparação com o segundo trimestre de 2014, quando o consumo vinha no rastro da Copa do Mundo. Os resultados do primeiro trimestre da Inbev e da Ambev serão anunciados na quartafeira da semana que vem. Segundo Brito, o segmento de cerveja premium no país está crescendo rapidamente, representando agora 8% do volume de vendas ante 5% há alguns anos. Numa conferência em março, organizada pelo Citibank, a Ambev informou que esta fatia pode chegar a 10% neste ano. A expansão da categoria premium faz parte dos planos para este ano, mas a maior parte da expansão deve vir mesmo de vendas de Brahma, Skol e Antarctica. A assembléia geral anual reuniu pouco mais de 60 acionistas. O ambiente era tranquilo. Enquanto Brito repetia os resultados de 2014, o presidente do conselho de administração, Kees Storm, saía da sala para atender o celular. O diretor financeiro, Felipe Dutra, bebia uma latinha de cerveja. Brito reiterou que AB InBev continua interessada em aquisições e está aberta a examinar oportunidades, dependendo do preço. Um acionista quis saber se o grupo pensa em entrar na África. A resposta foi de que o plano é mesmo focar nas Américas e na Ásia. Brito diz que os negócios na China vão bem. O grupo está ativo também em Laos e Camboja. Na Austrália, vende a mexicana Corona, uma de suas três marcas globais as outras duas são a americana Budweiser e a belga Stella Artois. No Vietnã, a nova fábrica começa a operar no próximo mês. A capacidade inicial é de meio milhão de hectolitros, mas pode dobrar. Na Índia, onde vende especialmente Budweiser, o grupo planeja expansão de capacidade.
Valor Econômico – SP