28/04/2015 05:00
Por Rafael Rosas
O superintendente-adjunto de ciclos econômicos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Aloisio Campelo, afirmou que a alta de 3,3% do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), em abril, ainda não representa uma tendência, mas é um sinal de que pode haver uma pressão menor sobre o indicador ao longo do ano. Campelo lembrou que a queda de 13,8% acumulada pelo indicador da FGV no primeiro trimestre deste ano foi o segundo pior resultado para qualquer trimestre da série iniciada em setembro de 2005 desde o tombo de 16,3% observado nos últimos três meses de 2008. O economista do Ibre ressaltou que naquele ano a queda da confiança se relacionava diretamente com o quadro de crise internacional, considerada a maior desde a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. “Pode ter descompressão este ano. Não deve atingir níveis muito altos, mas pode sair desses níveis extremamente baixos”, afirmou, lembrando que o índice terminou abril com 85,6 pontos, mesmo com o avanço de 3,3% no mês. Campelo citou a redução da volatilidade no câmbio e os menores riscos de racionamento de água e energia elétrica como fatores que podem ter influenciado a alta da confiança do consumidor. Ele ponderou que as faixas mais altas de renda é que concentraram a melhora da confiança em abril, o que mostra que esses dados econômicos podem ter tido grande influência na recuperação.
“Acho que tem um componente ligado à atenuação desses fatores financeiros, cambiais e políticos. Isso leva a uma avaliação e a uma expectativa menos desfavoráveis em relação à economia real”, disse. Campelo afirmou que não se surpreenderia caso o índice voltasse a recuar nas próximas divulgações. “Não há uma motivação tão grande para os movimentos [de alta da confiança]”, disse.
Valor Econômico – SP