Brasil puxa vendas globais do Carrefour
Grupo francês registrou alta de 6,7% no lucro operacional e de 11,9% na margem de lucro líquido ajustado em 2014
Impulsionado pelos resultados no Brasil, principal mercado do grupo na América Latina, o francês Carrefour registrou alta de 6,7% no lucro operacional e de 11,9% na margem de lucro líquido ajustado em 2014. O balanço foi divulgado nesta quinta-feira, em Paris, e é marcado pela performance “memorável” do Brasil e da Argentina, segundo definiu o diretor-financeiro da varejista francesa, Pierre-Jean Sivignon. Mesmo com o ambiente econômico menos favorável nesses países, o resultado operacional recorrente na América Latina alcançou 685 milhões de euros, o que sinaliza aumento de 23,2% na comparação com o observado em 2013.
As vendas líquidas na região somaram 13,891 bilhões de euros no ano passado. Com câmbio constante, o valor foi 18,1% maior que o registrado em 2013. Mas com o efeito da desvalorização do real brasileiro e do peso argentino, as vendas ficaram estagnadas e registraram ligeiro crescimento de 0,8% em 2014 – bem menos que a inflação nos dois países. As cifras não levam em conta a venda de combustíveis.
Ao exibir o aumento das vendas na região, Sivignon usou as cifras com câmbio constante em um gráfico que mostra que a unidade latino-americana registra o melhor resultado entre todas as subsidiárias desde 2012. “As vendas na América Latina têm crescido a uma média de 15% nos últimos três anos”, disse durante em teleconferência. Em 2014, as vendas cresceram 1,2% na França, caíram 0,3% na Europa e recuaram 1,8% na Ásia. No total, o grupo reportou aumento de vendas de 3,9%.
Sivignon destacou que a “lucratividade no Brasil continua aumentando em todos os setores de negócios”. Aos acionistas e analistas, o executivo citou que o Carrefour Brasil se mantém como líder no segmento de alimentos e que a companhia retomou o ritmo original de abertura de novas lojas com a bandeira Atacadão.
Abertura de capital
Além dos fortes resultados na América Latina, o grupo considerou como um dos fatos mais relevantes do ano a entrada no capital da subsidiária brasileira da Península Participações, empresa de Abilio Diniz, ex-proprietário do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Em troca de 10% das ações, o fundo desembolsou em dezembro R$ 1,8 bilhão, podendo ainda ampliar sua participação a 16%. A transação avaliou a unidade do Brasil em R$ 20,4 bilhões.
Para os dirigentes do Carrefour em Paris, a transação demonstra “o reforço da ancoragem local no Brasil”. “Esta operação permite ao Carrefour se beneficiar da experiência reconhecida de seu novo acionista no setor supermercadista local para perseguir o desenvolvimento de seu modelo multiformato”, diz a nota. Como aconteceu na Europa, o grupo também pretende ampliar a aposta no “comércio de proximidade”, investindo em lojas de pequeno porte. Na França, a empresa conta com as marcas Market, City, Express e Contact, com diferentes tamanhos.
Além disso, segundo a companhia, o bom desempenho no Brasil incentiva ainda mais o grupo a abrir o capital, lançando ações na Bovespa. “Nosso objetivo é estarmos prontos para uma oferta pública de ações em 2015”, explicou Sivignon. “Dependemos das condições de mercado e das perspectivas de criação de valor para o Carrefour.”
Balanço
No mundo, o resultado operacional corrente total da companhia foi de 2,38 bilhões de euros, em alta de 6,7%. Trata-se do segundo ano consecutivo de crescimento, após a alta de 5,3% em 2013. O lucro líquido Carrefour acabou em 1,24 bilhão de euros, em baixa de 1,5%, mas o dado esconde o fato de que nos dois últimos anos o balanço da empresa foi beneficiado pela venda de ativos, que inflaram os resultados mais do que no ano passado. Já o lucro líquido ajustado teve avanço de 11,9%, chegando a 1,04 bilhão de euros.
A empresa também obteve melhora dos resultados na matriz, na França, ainda hoje o maior mercado do grupo. A alta da rentabilidade no país chegou a 6,1%, chegando a 1,27 bilhão de euros. “Nos últimos dois anos, as performances operacionais avançaram 38%”, informou Sivignon, que substituiu na entrevista coletiva o diretor-presidente, Georges Plassat, em recuperação de problemas de saúde.
“O ano de 2014 confirma a dinâmica de crescimento do Carrefour, indicando que os planos de ação implementados nos últimos dois anos estão dando frutos e que o Carrefour melhorou seus fundamentos de forma sustentável”, acrescentou o diretor-financeiro do grupo.
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