04/12/2014 CLAUDIO NASAJON – Fundador da Nasajon Sistemas e Coordenador do programa de capacitação empreendedora Startup Legacy A ampliação do consumo nas classes C e D representa uma oportunidade de forma geral, mas particularmente para o comércio eletrônico, onde a redução de intermediários e, consequentemente, de preços, tem maior apelo. A oferta de modelos mais simples de smartphones conectou pessoas da base da pirâmide, transformando-as, em muitos casos, em consumidoras online. Isso torna razoável presumir que este seja um bom momento para investir em negócios ligados a e-commerce, principalmente aqueles com foco em dispositivos móveis. A tendência de expansão do consumo via internet pelas classes mais baixas ficou evidenciada no último relatório IPC Maps, indicador de potencialidade do consumo nacional, que mostrou um crescimento do comércio eletrônico, junto às classes C e D, próximo a 10% contra um crescimento do PIB, no mesmo período, de 3,8%. Considerando que essa faixa da população representa 43% dos domicílios e que as políticas de inclusão digital devem ser turbinadas no segundo mandato do atual governo, pode-se vislumbrar uma demanda crescente, ou seja, oportunidades de investimento para negócios que explorem esse segmento de mercado. O potencial do comércio eletrônico no Brasil pode ser sentido a partir dos números divulgados pela e-Bit: o setor movimentou mais de R$ 30 bilhões entre jul/13 e jun/14, com crescimento nominal de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior. As políticas de preços transcanal também são um fator relevante nessa análise. Pesquisa divulgada pela WebShoppers constatou que dois terços dos vendedores de lojas físicas não aceitaram negociar preços para chegar ao patamar da internet, o que favoreceu as vendas online. Com tudo isso, o número de pedidos via internet já passou dos 88,3 milhões, um crescimento de 32% em apenas um ano. Embora mais de 90% das transações ainda sejam feitas em desktops e notebooks, existe uma forte tendência de crescimento dos dispositivos móveis e do mobile commerce como canal de vendas. Pesquisa da PagTel, divulgada pelo e-commerce News, mostrou que, em 2014, mais de 67% dos usuários de dispositivos móveis declararam já ter comprado pelo menos uma vez usando o seu aparelho, contra 57% no ano anterior. De fato, o m-commerce teve um expressivo aumento de participação no total do e-commerce nos primeiros seis meses deste ano, subindo de 3,8% (junho/2013) para 7% (junho/2014), o que representou um crescimento de 84% em um ano. A previsão da E-bit é que os dispositivos móveis fechem o ano de 2014 representando 10% do total de compras pela internet no Brasil. Esses resultados demonstram a força do segmento de m-commerce junto à nova classe média, que inclui os segmentos C e D, cuja expansão do consumo deve continuar nos próximos anos. Atualmente, são poucas as lojas online preparadas para as peculiaridades da navegação através de tablets e smartphones, mas isso já começou mudar. A tendência é que muitos varejistas passem a direcionar esforços para se adaptar à mobilidade, o que abre muitos espaços para startups que queiram atuar nesse setor. O site Angel list, especializado em startups, só para citar um exemplo, já contém mais de 1.900 empresas de mobile commerce relacionadas a mais de 32.000 investidores, um recorde, num segmento que apenas começou a engatinhar.
Brasil Econômico – SP