05/11/2014
Por Ivo Ribeiro | De São Paulo
O grupo francês Saint-Gobain, multinacional de materiais industriais, mantém planos de continuar investindo no Brasil para ampliar seus negócios. A companhia, que é dona de marcas como Brasilit, Weber e Sekurit, definiu R$ 55 milhões, em três anos, para a instalação de um centro de Pesquisa & Desenvolvimento de produtos. O projeto será instalado na cidade de Capivari (SP), em uma área de 40 mil m2, ao lado de uma das fábricas da Brasilit. A previsão é ficar pronto até o fim de 2015.
Esse novo investimento, disse ao Valor o presidente da companhia no Brasil, Argentina e Chile, Thierry Fournier, é um montante que está fora do pacote anual de R$ 450 milhões que o grupo prevê aplicar em expansão e manutenção de seus negócios no país. “Tradicionalmente, aplicamos no país por ano R$ 400 milhões”.
A Saint-Gobain atua desde a fabricação de vidros planos para automóveis e setor da construção civil até o varejo de materiais construtivos com a Telhanorte.
Com o Centro de P&D, que começa empregando 25 pessoas de alto nível técnico, o objetivo é acelerar a inovação dos negócios locais da companhia, desenvolvendo novos produtos, bem como aperfeiçoar os que já existem no mercado, informou a companhia. É o primeiro centro do grupo no Hemisfério Sul. Hoje, já dispõe de sete – França, com três, Alemanha, EUA, China e Índia.
“O Brasil é muito estratégico para o grupo Saint-Gobain, tem natureza inovadora e está entre os locais com a maior taxa de crescimento da empresa nos últimos anos”, disse Fournier. Segundo ele, a companhia prefere uma concorrência regional para seus negócios, dentro de uma estratégia de se proteger dos produtos importados, desenvolvendo matérias-primas locais e parcerias com fornecedores e clientes.
Segundo o executivo – que chegou ao país em 1º de julho, depois de seis anos na Rússia -, o grupo investe continuamente no mercado brasileiro e todas suas atividades apresentam crescimentos e resultados positivos. “Queremos aproveitar esse momento e aprimorar ainda mais nossos produtos”, afirmou.
Na China, a companhia chegou com seu centro de P&D em 2005 e hoje já conta com mais de 200 pessoas. Além de produtos para o mercado local, atende outros países do Sudeste asiático. “Aqui, vamos copiar, em termos de conceito, o que foi feito na China e Índia”, disse Fournier, engenheiro civil de 42 anos que nasceu nas redondeza de Paris – em Versailles – e tem especialização em biologia molecular.
Mundialmente, a Saint-Gobain tem 4 mil pessoas atuando na atividade em pesquisa e desenvolvimento. A cada ano, a companhia aplica 400 milhões e registra em torno de 400 patentes. “Estamos entre as 100 companhias líderes do mundo em inovação”. Segundo o executivo, pouco mais de 20% das vendas já são de produtos que não existiam cinco anos atrás. “Nossa meta é ir a 25% em dois a três anos e atingir 30%”.
O Centro de P&D no Brasil ficará sob a gestão de Paul Houang, engenheiro formado na Poli-USP, que há 29 anos trabalha no grupo em inovação, com passagem de seis anos na França. “Teremos uma equipe de profissionais especializados em materiais, ciência da construção e nas diversas áreas da engenharia”, informa. Segundo ele, os pesquisadores e técnicos de apoio receberão treinamentos em outros centros da companhia, na França, Estados Unidos, Alemanha, China e Índia.
As instalações do centro terão 3 mil m² e, como é modular, estará apto a expansões no futuro. A instalação vai abrigar, em um único local, diversas áreas de pesquisas existentes hoje ligadas às atividades do grupo na Weber, Isover, Brasilit e Abrasivos.
Valor Econômico – SP