03/11/2014
Por Adriana Mattos | De São Paulo
Maior companhia de varejo do país, o Grupo Pão de Açúcar informou na sexta-feira que os investimentos para 2015 devem ficar “próximos ou um pouco acima” do valor desembolsado neste ano, com abertura de lojas para todos os formatos da rede, disse para analistas Ronaldo Iabrudi, presidente da companhia. Ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, o diretor financeiro, Christophe Hidalgo, afirmou que a soma deve girar entre R$ 1,7 bilhão e R$ 1,8 bilhão em 2014, e que companhia pretende manter seus investimentos anuais no montante de até R$ 2 bilhões.
“Nosso foco não é abrir lojas o mais rápido possível, abrir loja só por abrir. Mas fazer isso de forma sustentável”, disse o diretor. O grupo tem 2.037 lojas no Brasil e inaugurou 96 pontos de venda em todos os seus negócios até setembro (Extra, Pão de Açúcar, Assaí, Casas Bahia e Ponto Frio), versus 72 no mesmo período de 2013. Cerca de 100 novas unidades estão programadas até dezembro. Investimentos da rede têm sido planejados para um número maior de lojas, porém em pontos com metragem menor, como lojas de bairro.
A empresa ainda ressaltou que o projeto de abertura de franquias de lojas no país é uma possibilidade que está sendo estudada, mas ainda fora do planejamento estratégico para os próximos três anos. “Isso está em fase preliminar e ainda estamos buscando respostas sobre como seria o modelo […]. Como é uma parceria, nossos investimentos seriam menores”, afirmou Iabrudi. O Casino, controlador do GPA, opera franquias na Colômbia. A companhia já havia destacado, meses atrás, que tem feito estudos sobre franquias de lojas.
O grupo informou ainda que tem implementado ações, desde agosto, para ampliar tráfego e vendas dos hipermercados Extra. Entre as medidas está o retorno de tradicionais ações promocionais na rede e um “fortalecimento” do mix de produtos à venda. “São iniciativas que não digo que nos deixam tranquilos ainda, mas posso dizer que a questão está sendo tratada”, diz o executivo. Mudanças no hábito de compra do consumidor têm afetado resultados dos hipermercados no mundo.
De julho a setembro, a rede perdeu 5,6% em vendas e, no acumulado do ano, apurou receita estagnada em R$ 10,2 bilhões. Analistas ressaltaram em relatório a possibilidade de que clientes tenham migrado das lojas de hipermercados para a rede Assaí, que cresceu 35% até setembro. “Nós acreditamos que a performance de Assaí pode ser explicada, em parte, por migração de clientes de outros formatos, como hipermercados”, segundo relatório do Goldman Sachs.
Na sexta-feira, o GPA e a rede Magazine Luiza comentaram com analistas os seus resultados de terceiro trimestre e ressaltaram que reforçaram estoques para um fim de ano que acreditam ser positivo. O Magazine Luiza somou estoques de R$ 1,26 bilhão em setembro de 2014, versus R$ 1,13 bilhão no mesmo mês de 2013, alta de 11,5%. “É um aumento previsto para atender a demanda de fim de ano”, disse Marcelo Silva, diretor superintendente do Magazine Luiza. A companhia não falou em valores de investimentos para 2015, mas ressaltou que prevê abrir de 30 a 40 lojas, versus 23 inaugurações estimadas para 2014.
No GPA, os estoques totais (para todas as bandeiras) somavam R$ 7,4 bilhões em setembro, versus R$ 6,2 bilhões um ano antes – uma alta de 19%. “É preciso ressaltar que isso reflete a entrada dos números da Cdiscount [a operação on-line do Casino se uniu à Nova Pontocom, site do GPA, para criar a Cnova], e também reflete abertura de 146 lojas em 12 meses. Ainda explica o número maior a necessidade de recompor estoques estratégicos de algumas linhas”, afirmou Hidalgo.
Valor Econômico – SP