Por Redação SM – 20/10/2014
Marcas antes “de nicho” ganham escala, espaço nas gôndolas de supermercados e novos investidores, como o fundador das escolas de inglês Wisard, Carlos Wisard Martins, que comprou a rede de lojas Mundo Verde em agosto.
A previsão é de que o mercado de alimentos diet e light, orgânicos, sem lactose, sem glúten e naturais chegue a R$ 55 bilhões em 2014, segundo estimativa da consultoria Euromonitor. O consumo desses itens cresce a taxas três vezes maiores do que as de alimentos convencionais.
Fundada em 1979 e comprada pelo atual presidente, Alexandre Borges, em 2007, a Mãe Terra, de Osasco (SP) agora tem 300 funcionários e distribui seus produtos em mais de 25 mil pontos de vendas no Brasil. Vamos crescer 50% este ano”, disse Borges, que vem adequando produto e produção há cinco anos para dar suporte ao crescimento. “Continuamos fiéis à essência, mas implementamos várias mudanças, como a linguagem das embalagens. Ampliamos o portfólio, investindo em itens de pronto consumo, como ‘snacks’ naturais.
No momento, quase todas as marcas do setor estão fazendo investimentos em linha de produção, em lançamentos e novas estratégias. Uma delas é a paranaense Jasmine Alimentos, que foi comprada agosto pela subsidiária francesa Nutrition & Santé, da japonesa Otsuka Pharmaceutical. Segundo Damian Allain, diretor de mercado da Jasmine, foram abertas duas fábricas em 2014, em São Paulo e em São José dos Pinhais (SP), além da unidade já existente em Curitiba. “Também aumentamos o quadro de funcionários em mais 25% e construímos um novo centro de pesquisa, desenvolvimento e qualidade”, diz Allain.
Com um portfólio de mais de 150 itens – de grãos a biscoitos integrais, passando por papinhas orgânicas para bebê -, a Jasmine faturou R$ 124 milhões em 2013 e projeta crescer 25% este ano. O lançamento de uma linha gourmet integral deve ajudar a atingir a meta. São cinco produtos novos, incluindo arroz com quinoa real e painço em grãos.
Esse novo cardápio do consumidor – que inclui alimentos até pouco tempo desconhecidos, como painço, goji berry e amaranto – foi desenvolvido também com ajuda da Monama, marca da empresária Camila Fortes. Após curar-se de um problema de saúde mudando hábitos alimentares, ela resolveu estudar o assunto e fez disso uma bandeira. Há cinco anos montou uma fábrica em Itupeva (SP), onde são fabricados os 58 produtos da linha, entre eles, 300 mil unidades de barrinhas de cereais por mês. A marca está presente em 1,8 mil pontos de venda. Em janeiro, a unidade será ampliada para triplicar a produção.
O avanço do segmento teve de ser acompanhado por mudanças no varejo. Uma tendência mundial é a criação de espaços específicos dentro das lojas. “Os varejistas estão tendo de se adaptar a essas necessidades dos consumidores, adotando novas práticas e optando por mudanças conceituais e físicas”, afirma Adriano Araújo, diretor-geral no Brasil da consultoria britânica Dunnhumby, especializada em varejo e consumo.
Na rede de supermercados Pão de Açúcar, as gôndolas destinadas a produtos naturais, orgânicos e especiais só crescem. Segundo Luiz Elisio Melo, diretor executivo de operações do Grupo Pão de Açúcar, o consumo de comidas e bebidas saudáveis aumentou 10% no ano passado. “Clientes da classe A gastam de 30% a 35% [do total desembolsado no supermercado nesses produtos] por causa da maior conscientização”, afirma. A marca própria Taeq, que atua nesse segmento, registrou aumento de vendas de 15% em agosto, por exemplo, em relação a igual período do ano passado.
No supermercado de luxo Casa Santa Luzia, essa categoria já ocupa um mezanino inteiro – são cerca de 850 produtos integrais, 1,5 mil da linha diet e light, 450 itens sem glúten e 300 sem lactose. “Quando sugeri vendermos orgânicos, há 16 anos, consegui uma pontinha de uma gôndola e eu mesma fiz a plaquinha à mão”, lembra a diretora Ana Maria Lopes. Agora, o mezanino teve até de ser ampliado. “No último ano, nossas vendas de produtos sem glúten cresceu 112%; os orgânicos, 36%; e os diet e light, 15%”, afirma.
Na rede de supermercados St Marche, com 14 lojas em São Paulo, a oferta de produtos desse segmento mais do que dobrou em um ano e as vendas cresceram 50%, segundo Geraldo Caspary, diretor comercial.
Fonte: Valor Econômico
Revista Supermercado Moderno online – SP