Com o impulso do digital, rede de chocolaterias já tem conseguido faturar até 35% mais que no pré-pandemia
Por Paulo Gratão
Os piores meses da pandemia ficaram para trás na rede de franquias Cacau Show, e a trasformação digital foi determinante para isso. Um e-commerce integrado às lojas era projeto antigo da marca, e a plataforma começou a operar em meados de 2016. Nos primeiros anos, os franqueados mais familiarizados com a tecnologia se engajaram mais rapidamente, enquanto outros ainda preferiam apostar apenas na venda física, que se mantinha como o canal prioritário até então”, diz Daniel Roque, diretor de canais e expansão da rede.
Ao longo dos anos, a marca promoveu visitas às lojas, treinamentos e outras ações para ajudar os franqueados a usar a plataforma. Mas a adesão em massa só ocorreu, de fato, com a chegada da pandemia. Em 2019, cerca de 0,5% das vendas das lojas era fruto de canais digitais. Hoje, em junho de 2021, esse número orbita na casa dos 10%.
Atualmente, mais de 1,8 mil lojas estão cadastradas na plataforma. A expectativa é que todas as quase 2,5 mil estejam prontas para vender pelo e-commerce até a Black Friday, no fim de novembro. As novas operações (só neste ano, a rede pretende abrir 500, no total) também já nascem integradas, independentemente do porte da franquia. Para lojas menores, como é o caso dos contêineres, a rede orienta sobre algumas datas e ocasiões importantes em que o franqueado deve estar abastecido para absorver as vendas on-line.
A atualização do inventário da loja no sistema do e-commerce é automática: o franqueado faz compras semanais na Cacau Show e, assim que recebe os produtos, já atualiza a plataforma. Quando o cliente faz uma compra, o valor é retido no cartão de crédito e o pedido é direcionado para a loja mais próxima. Se o franqueado tiver estoque, fecha a venda e faz o envio. A tentativa é feita em até cinco lojas próximas ao endereço de entrega. Em último caso, a compra é direcionada para o centro de distribuição da empresa.
Toda a parte financeira é centralizada na Cacau Show e os valores são distribuídos aos agentes envolvidos na transação, como o próprio franqueado e iFood, por exemplo.
Segundo Roque , a rede se inspirou em modelos como o do Uber, mas precisou enfrentar o desafio de ajustar o formato para uma rede de lojas físicas, com outras variáveis envolvidas. “Nesse momento, estamos classificando as lojas por meio de reviews, para priorizar franqueados que tenham melhor performance, um nível mais alto de atendimento.” A ideia é que todo o processo tenha a menor fricção possível.
No e-commerce da Cacau Show, o cliente tem a opção de comprar diretamente o produto, ser atendido por WhatsApp, que o direciona para a loja, ou pedir pelo iFood, para centralizar tudo na mesma carteira. “Como marca, centralizamos o relacionamento com o consumidor; a logística final fica com o franqueado”, diz Roque. Agora, a rede trabalha no aperfeiçoamento da experiência do cliente dentro do site.
Próximo capítulo
Um pouco depois da Páscoa 2020, logo no início da pandemia, a Cacau Show desenvolveu uma trilha de desenvolvimento em 10 capítulos para ajudar os franqueados a utilizar os canais digitais disponibilizados pela marca – como e-commerce, Delivery Direto, WhatsApp e marketplaces. “Quem já estava pronto conseguiu passar de 5% para 60% (de vendas no digital)”, afirma Roque.
Ao longo do ano passado, a rede foi amadurecendo a experiência, e os resultados ficaram evidentes em 2021. Nos primeiros meses do ano, a empresa vinha mantendo um crescimento de 2% sobre o faturamento de 2019, ainda pré-pandemia. Em maio, a rede viu um salto de 35%. Por enquanto, junho está 20% acima do mesmo período de 2019. “Já batemos quase 100% do que projetamos para o ano.”
Na Páscoa deste ano, que considera a sazonalidade até o final de abril, os canais alternativos representaram 26% no faturamento – cerca de R$ 92 milhões, sendo 12% na venda direta, 10% no e-commerce e 4% diluído em outras frentes. Em 2019, a representatividade era de 10%, no total. “Todas as possíveis perdas foram absorvidas por esses canais”, diz Roque.
A venda direta também tem recebido atenção especial da rede fundada por Alê Costa. O canal, que deu origem à Cacau Show ainda em 1988, foi retomado em 2015. Atualmente, são mais de 45 mil revendedores ativos. A empresa estima que o faturamento dessa frente, que é diretamente ligada às lojas, chegue a representar 10% de toda a receita da marca em 2021.
Fonte: PEGN