A joalheria reporta novo recorde no resultado do primeiro trimestre de 2022 e entende que a combinação das marcas Vivara e Life está ampliando as dificuldades já vividas por suas rivais no setor
Por Moacir Drska
A caminho do fim do primeiro semestre de 2022, ainda não há sinais de que o varejo, no geral, viverá, tão cedo, dias mais favoráveis. Mas, mesmo em meio a esse cenário incerto, existem algumas redes do setor que já estão operando sob uma perspectiva positiva. E não é de hoje.
É o caso da Vivara. Após fechar 2021 com uma receita bruta recorde de R$ 1,84 bilhão, a joalheria voltou a quebrar sua marca. Dessa vez, em um primeiro trimestre, ao faturar R$ 410,9 milhões entre janeiro e março de 2022, alta de 50,3% sobre igual período, há um ano.
“O resultado do primeiro trimestre reflete o início de um ano promissor e o nosso otimismo para uma estratégia de consolidação do mercado”, afirmou Paulo Kruglensky, CEO da Vivara, em conferência com analistas nesta terça-feira, 10 de maio.
Outros números reforçam essa visão. O lucro líquido de R$ 45,9 milhões representou um salto de 1.073,7% sobre o primeiro trimestre de 2021. Segundo a empresa, a aceleração da produção em sua fábrica de Manaus (AM) gerou benefícios fiscais de contribuição social que ajudam a explicar o resultado na última linha do balanço.
No período, a companhia apurou uma receita líquida de R$ 337,4 milhões, alta 55% na comparação anual. Já o Ebitda ajustado foi de R$ 51,2 milhões, um crescimento de 388,3%, e a margem Ebitda ajustada alcançou o patamar de 15,2%, contra 4,8%, há um ano.
O fato de estar posicionada junto ao público de alta renda, mais resiliente, não é o único ponto que coloca a Vivara nesse grupo seleto do varejo. A retomada do fluxo nos shopping centers e a expansão do grupo, na contramão de rivais, foram outros componentes destacados.
Com a previsão de inaugurar entre 50 e 60 pontos de venda em 2022, a frente de expansão está expressa tanto no desempenho das lojas Vivara quanto nas unidades da Life. Marca de joias mais acessíveis do grupo, a Life nasceu como coleção em 2011 e começou a ganhar seus próprios pontos de venda há pouco mais de um ano.
“Estamos começando a construir um histórico importante de desempenho robusto na convivência das lojas das duas marcas em mesmos shoppings”, afirmou Otavio Lyra, CFO da Vivara.
Atualmente, são 231 lojas da Vivara e 35 da Life, todas elas em centros de compra nos quais também estão instaladas unidades da marca que dá nome ao grupo.
Com essa base, as lojas Vivara registraram um avanço de 60,5% na receita bruta do trimestre, para R$ 322,5 milhões. Já as lojas exclusivas da Life tiveram uma receita bruta de R$ 25,9 milhões, alta de 447,9% na mesma base de comparação.
“Isso mostra que qualquer canibalização que possamos estar sentindo, e sim, ela está acontecendo, é muito tímida frente ao faturamento adicional que estamos trazendo com essas novas lojas”, observou Lyra.
Kruglensky, por sua vez, destacou que a Life está trazendo novos clientes de forma “acelerada” à base do grupo. E, mais do que isso, as duas marcas têm dado à empresa uma combinação ainda mais poderosa em um momento no qual, em sua visão, a concorrência está fragilizada.
“Eu vejo a concorrência tentando recompor estoques, repassar preços e não vejo mudanças drásticas”, ressaltou. “Se já estava difícil competir com a Vivara, com a Vivara e a Life, aumentando nosso faturamento nos malls, fica mais difícil para os concorrentes.”
Como parte dessa visão, Lyra acrescentou que, depois de um quarto trimestre de 2021 sem nenhum fechamento de lojas, a rival Pandora voltou a adotar essa medida no primeiro trimestre de 2022, encerrando as atividades de sete unidades no País.
Ao mesmo tempo, Lyra destacou as boas perspectivas com o segundo trimestre de 2022, especialmente com as vendas já contabilizadas de Dia das Mães e a proximidade do Dia dos Namorados.
A Vivara espera apenas passar essas datas para fazer a migração de 100% da plataforma por trás de suas operações de e-commerce, para uma ferramenta da VTEX. O canal digital foi um dos únicos pontos a destoar no balanço do primeiro trimestre, com um recuo nas vendas de 10,9%, para R$ 51,6 milhões.
A joalheria atribuiu a queda justamente a fatores como a retomada do fluxo nos shopping centers e à redução de campanhas promocionais realizadas pelo grupo no canal online.
“Não vemos essa perda momentânea como preocupante. É algo intencional e a demanda vem sendo direcionada às lojas físicas”, afirmou Lyra. “Mas certamente teremos um retorno de crescimento saudável no digital com os investimentos que temos para o ano.”
As ações da Vivara operam em alta de 5,06% na B3, por volta das 14h30. No ano, os papéis da companhia acumulam queda superior a 4,8%. A empresa está avaliada em R$ 5,7 bilhões.
Fonte: Neofeed