As três maiores empresas do setor tiveram crescimento real de 1,1% em 2016, alcançando faturamento de R$ 123,5 bilhões. Mas o desempenho de cada uma foi bem diferente. Numa ponta, o Carrefour cresceu real quase 6% e, em outra, o Walmart recuou praticamente 8%. O GPA, por sua vez, teve uma redução no lucro líquido este ano. Os dados são do 46º Ranking de SM , levantamento realizado com mais de 300 empresas de todo o País
Carrefour arranca na liderança
Desde que reassumiu a liderança do ranking, em 2014, o Carrefour tem crescido com maior intensidade e aumentado a distância em relação ao GPA, segundo colocado. A alta média real nos últimos três anos foi de 4,6%, contra 1% do principal concorrente. Só no ano passado, o Carrefour teve receita de R$ 49,1 bilhões. Esse faturamento foi R$ 4,1 bilhões maior do que o do GPA. Em 2015, a diferença era de R$ 2,5 bilhões. Para Gustavo Oliveira, analista do banco de investimentos UBS, isso se deveu principalmente ao Atacadão. Segundo ele, a participação da bandeira nas vendas, que antes era de 60%, subiu para cerca de 65%. No GPA Alimentar, o Assaí representa 35% das vendas. O número de lojas também é maior: 135, ante 107. Luiz Otavio Nascimento, sócio da Mérita Consultoria, acredita que o fato de o GPA trabalhar há mais tempo com diversos formatos fragmenta o foco. “Por conta disso, a empresa ainda não capturou 100% das oportunidades que o atacarejo oferece”, explica. Outra vantagem do Carrefour, diz o especialista, é que suas bandeiras têm uma imagem promocional mais forte. “Mas o GPA tem trabalhado para melhorar esses pontos”, lembra.
Em 2016, a empresa investiu em...
– 39 novas lojas Carrefour Express
– 12 inaugurações de Atacadão
– 26 hipermercados reformulados
Para o Carrefour, uma das razões do seu crescimento é ter mantido os investimentos no País mesmo com a crise. A empresa tem focado a expansão do cash & carry e do seu formato mais recente de loja, o de proximidade. Este último somou 70 filiais em 2016 com a marca Carrefour Express. Para Marcelo Sales, professor de pós-graduação da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), o modelo de proximidade é estratégico para marcar presença no segmento de conveniência e fortalecer a imagem da companhia. “Mas não vai trazer aumentos expressivos em vendas, pois são lojas muito pequenas”, avalia.
Walmart em queda há três anos
Pelo terceiro ano consecutivo, a receita do Walmart teve queda real. Segundo os especialistas, a empresa sofre consequências de decisões tomadas no passado. “Por muito tempo, a companhia trabalhou com grande número de bandeiras, provenientes de empresas compradas”, afirma Nascimento, da Mérita. “Em muitas delas, ainda há problemas na operação. Caso da rede Nacional, de Porto Alegre (RS), com ruptura e falta de operadores de caixa”, afirma. Para Oliveira, do banco UBS, o Walmart tenta proteger o lucro em vez de agir para elevar vendas. “Mas essa situação não se sustenta no longo prazo”, afirma ele. Outro problema é a operação de cash & carry, menos robusta que a dos concorrentes. “Para acompanhar os outros gigantes, é preciso realizar uma aquisição, como fizeram os concorrentes”, diz Sales, da UFRRJ. Mas, segundo a empresa, a bandeira Maxxi apresenta bons resultados. “Crescemos dois dígitos no formato, a exemplo de outras operações de cash & carry do mercado”, afirma Bernardo Perloiro, vice-presidente comercial de operações e de marketing do Walmart Brasil. Ele explica que o Maxxi é mais focado na pessoa jurídica que no consumidor final. E acrescenta que o Sam’s Club também apresenta aumento de vendas.
Reformulação de hipermercados…
– R$1 bilhão será destinado à renovação do formato
– 3 hipermercados alterados em 2016
– 130 lojas até 2019
Para se recuperar, a empresa criou novo conceito de hipermercado, com atraso em relação aos concorrentes. Segundo Perloiro, a companhia precisava antes concluir a integração de sistemas das lojas, o que só ocorreu em julho/16. “Sabemos que a urgência é grande para nós”, diz. As três lojas-piloto já registram crescimento de dois dígitos. Elas ganharam corredores amplos e gôndolas baixas. A área de vendas foi segmentada em três principais setores: mercearia e higiene/limpeza; perecíveis e não alimentos. No primeiro, os produtos são expostos em pallets e caixas para agilizar o abastecimento da gôndola. “Com o novo conceito, queremos simplificar a operação e aumentar a produtividade”, explica Perloiro. “Os ganhos não serão incorporados à margem. Vamos utilizá-los para vender mais barato”. Também faz parte do projeto migrar as bandeiras Big e Hiper Bompreço para Walmart.
Fonte: Supermercado Moderno