Até 2025, a distinção entre loja física e on-line deverá desaparecer, como aponta uma pesquisa da Cognizant, sobre o futuro do varejo. Uma vez que os consumidores buscam uma satisfação em tempo real de suas necessidades de consumo, o conceito de loja on-line deverá sobreviver apenas como recurso de retaguarda no gerenciamento das transações. Os espaços físicos terão uma redução em tamanho e em quantidade de lojas. Tecnologias como realidade virtual, inteligência artificial e internet das coisas (IoT) terão forte impacto no varejo e em prover experiências de compra personalizadas.
Em dez anos, os consumidores viverão em um mundo hiperconectado e de alta velocidade, onde a internet das coisas enriquecerá, diariamente, o engajamento do consumidor no varejo e se tornará uma fonte de dados dos anunciantes. A IoT oferecerá oportunidades ímpares aos varejistas ao fazer com que suas operações sejam mais eficientes, conectando e automatizando os elementos dos sistemas da cadeia de abastecimento, estoques, logística e gestão de frota.
Já os wearables se tornarão particularmente fontes ricas de informação detalhadas considerando-se o comportamento do consumido e a realidade aumentada (AR) irá se sobrepor à realidade virtual para desempenhar um papel cada vez mais importante na experiência no varejo, como experimentar um vestido ou um terno de forma virtual por meio do aplicativo do varejista.
Investir em tecnologia em um setor como o varejo exige um amadurecimento por parte dos gestores. “A tecnologia, principalmente a inteligência artificial, não é uma ameaça ao emprego. É uma grande parceira na melhoria de produtividade. O componente humano é e será sempre o principal fator que vai garantir o sucesso ou fracasso da implementação de qualquer tecnologia. Por isso, além de nossas ferramentas, sempre contamos com uma equipe trabalhando junto com nossos clientes para garantir o sucesso”, conta Adriano Araújo, Vice-Presidente da Symphony na América Latina, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Inteligência Artificial em supermercados
O CINDE (Conversational Insights and Decision Engine) é um assistente analítico digital criado pela Symphony direcionado a supermercados e varejo de bens duráveis e é um exemplo de como tecnologia pode trabalhar para fazer os gestores ainda mais produtivos e exitosos. Desenvolvida durante onze meses e lançada em outubro do ano passado no XCelerate Retail Forum, em Paris (FR), ela atende especialmente às questões que envolvem tarefas diárias do setor, com uma visão aprofundada, baseada em inteligência artificial e machine learning. Deste modo, assimila as tendências de negócios específicas para supermercadistas e produtores de bens duráveis, propondo insights e decisões.
No Brasil, redes importantes como o Carrefour, os Supermercado Pague Menos e as farmácias DPSP e Pague Menos utilizam a plataforma. “O CINDE permite que o gestor converse com a máquina, fazendo perguntas sobre o seu negócio e obtendo respostas em um ambiente de visualização de dados imersivos, com recomendações concretas de ação. Percebemos que hoje não falta informação aos supermercados. Todos os executivos têm nos seus celulares ou caixas de e-mails centenas de dashboards e números disponíveis, 24 horas por dia. O grande desafio é ter tempo para analisar toda essa informação”, conta o Vice-Presidente da Symphony.
Outra situação complexa na categoria de supermercados é que normalmente a análise de dados fica restrita a poucos analistas dentro das unidades. É aí que entra o grande benefício da inteligência artificial, digerindo os dados e propondo diagnósticos imediatos. “Globalmente vemos que o uso de assistentes virtuais no mundo de consumo (consumidor final) já é uma realidade. Alexa (da Amazon), SIRI (da Apple) e Google são usados diariamente por milhões de pessoas. No mundo corporativo, porém, o uso das assistentes virtuais ainda é muito recente. Há um potencial enorme de aumentar a produtividade em diversas áreas com o uso desse tipo de tecnologia” aponta Adriano.
Aplicação nacional
Durante a feira APAS Show 2018, muitos varejistas se animaram com a possibilidade de incluir inteligência artificial em seus negócios, no entanto, o custo para aplicação acaba freando os empresários com receita inferior a um bilhão de reais por ano – a Symphony, criadora do CINDE, trabalha apenas com clientes de grande porte. Por outro lado, em poucos anos, pequenos e médios empresários poderão investir em soluções mais acessíveis.
Isso porque a tecnologia hoje é fundamental ao varejo. “Como toda tecnologia nova, há sempre as empresas inovadoras que adotam mais rapidamente e outras que adiam até quando não têm mais opções e acabam “forçadas” pela concorrência. Vai levar algum tempo até que os assistentes virtuais se tornem corriqueiros nos ambientes corporativos, mas o caminho e a tendência é clara. Quem não acompanhar, ficará para trás”, conclui Adriano.
Fonte: Mundo do Marketing