Paulo Correa, presidente da C&A Brasil, fala sobre como a instabilidade do País afeta a rede
O cenário está difícil pra todo mundo. A C&A, gigante do setor de moda, está sentindo os efeitos da crise política e econômica, como a maior parte das redes de fast fashion, porém, está conseguindo resultados positivos. “Começamos bem 2016 e vamos ter um bom ano. Varejo tem de crescer sempre”, afirmou à NOVAREJO Paulo Correa, presidente da C&A Brasil, durante um evento de varejo. O executivo contou o que a marca está fazendo para driblar esses impactos e continuar crescendo. Ele tem presença confirmada no BR Week , o principal congresso do País dedicado ao varejo, e que acontece em junho em São Paulo. Confira a conversa:
Como a instabilidade política tem impactado a C&A?
Mais que impactar o negócio, impacta a população, os clientes. A vida deles fica mais desafiadora em todos os sentidos e as pessoas precisam equacionar melhor seu orçamento, seus gastos, onde vão gastar, quanto vão gastar, com que frequência, que nível de compromisso ele quer assumir e isso tem impacto. Então, a gente tem tentado estar perto desse cliente e ajustar nosso sortimento e produtos para essa realidade dele.
Muitos empresários defendem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Como você se posiciona?
Qualquer empresa ou grupo de trabalho precisa de liderança e à medida que a liderança não é reconhecida pelo grupo de trabalho a gente tem problema de performance. O que está acontecendo com o Brasil é um pouco isso. Tem uma questão de crédito hoje baixa e isso tem impacto na forma como a gente opera no dia a dia e tem a questão de como ela [Dilma] é capaz de impor uma gestão melhor para o País. Estamos assistindo a cena. Nosso papel hoje é fazer a nossa contribuição cada vez mais forte para a sociedade, independente do que está acontecendo lá pra cima. Mas é óbvio que a gente espera que algo aconteça para melhor. Precisa evoluir. Do jeito que está, está ruim para todo mundo.
Mas essa evolução e solução passam necessariamente pela saída da presidente?
A pergunta que tem de ser feita sempre é mais do que tirar pessoa A ou B. É como vamos organizar um País decente, estruturado, com uma agenda política positiva de crescimento? Vejo muito menos essa conversa do que a conversa do impeachment e isso me dá um pouco de nervoso, porque a gente pode evoluir. Com quem vamos evoluir é uma consequência do projeto que a gente quer colocar para o País. Sem projeto, a gente fica à deriva e isso me preocupa.
As notícias sobre fechamento de loja conferem?
Da mesma forma que a gente não pode deixar de abrir, a gente não pode parar de avaliar se as decisões que tomamos fazem sentido ou não. De fato, tem determinados lugares em que a gente esperava que o Brasil fosse crescer, mas esses lugares não estão tendo mais força agora e por isso a gente precisa avaliar se faz sentido ou não manter. Há decisões mais difíceis. Na hora que a economia está crescendo um monte, é muito mais fácil abrir do que fechar. Mas na hora que a economia está difícil fica mais equilibrado. Serão 12 lojas fechadas neste ano, mas 18 aberturas. As lojas que serão fechadas são as menos interessantes pra gente.
A marca lançou recentemente uma campanha que gerou repercussão. Como está o posicionamento da empresa?
Essa nova campanha tem um pouco a ver com aquilo que a gente acredita. Estamos olhando um pouco a moda de modo mais contemporâneo, do jeito que a sociedade está se comportando. Então, ao invés de abordar aquela coisa da moda mais ditatorial e obrigatória, a gente está acreditando mais que moda é sua forma de se expressar para o mundo, onde tudo é válido: é do jeito que você quiser, da forma que você quiser e isso é uma decisão de cada um. Estamos bancando isso: uma forma mais moderna de olhar moda, muito mais do que apenas olhar tendência. A forma como cada um escolhe sua moda é o mais importante e a campanha está em cima disso, de mostrar que moda é sua forma de se expressar para o mundo.