Desde o ano passado, o uruguaio Daniel Mendez, fundador e presidente da empresa de refeições coletivas Sapore, tem tentado convencer os principais acionistas da IMC, dona do Viena e Frango Assado, e de um faturamento de R$ 1,5 bilhão, a aceitarem uma proposta para a fusão de seus negócios. As conversas, que ganharam força no início deste ano, pareciam ter chegado ao fim no dia 22 de fevereiro, quando a IMC divulgou um comunicado informando que não seguiria com a análise da oferta. Diante da negativa, o empresário, que estuda há alguns anos sua entrada no varejo, decidiu focar em outros projetos.
Na quinta-feira passada, Mendez abriu a primeira loja da rede Yurban Food, restaurante de conveniência com foco em pratos prontos e pré-preparados e que aposta no modelo de alimentação rápida (grab and go). Desde março, ele começou a investir em franquias das marcas Giraffas, Spoleto, Koni, Domino’s e B.lém. Até o momento, são sete unidades nessa frente. Mendez, no entanto, não desistiu da fusão. Em entrevista à DINHEIRO, ele garante que ainda tem interesse na transação e que as duas empresas seguem conversando. “Há uma negociação séria em curso e só estamos tentando encontrar uma forma adequada de fazer a operação”, afirma. “Isso não impede, porém, que a gente invista em outros projetos”.
É o que Mendez está fazendo. A principal aposta da Sapore para acelerar sua entrada no varejo é a Yurban Food. A companhia está investindo R$ 10 milhões na fase inicial do projeto, que prevê a abertura de dez lojas em 12 meses. A primeira foi inaugurada no Shopping Metrô Santa Cruz, em São Paulo. A segunda está prevista para o início de junho, no Center 3, também na capital. “As primeiras unidades serão próprias”, diz Mendez. “Mas, no futuro, vamos franquear, com lojas menores, de 30 a 50 metros quadrados.” Com as duas primeiras operações, que possuem 150 m² e 100 m², respectivamente, a intenção é analisar o comportamento dos consumidores, para chegar a um mix de produtos e um formato de loja ideal. A expectativa de faturamento, no primeiro ano de operação, é de R$ 12 milhões.
No ano passado, a companhia seguiu apostando no mercado de eventos e fechou contratos com o World Trade Center e a T4F, que geraram uma receita de R$ 27 milhões. Em seu negócio principal, o grupo tem na carteira clientes como Ambev, Procter & Gamble e Ford, e mantém operações diretas, desde 2007, no México e na Colômbia, além de um escritório na Argentina, inaugurado em 2017. Com 15 mil funcionários e um volume diário de mais de 1 milhão de refeições fornecidas, a Sapore faturou R$ 1,8 bilhão no ano passado e projeta ultrapassar R$ 2 bilhões nesse ano. Para Mendez, o varejo tem tudo para ser um dos motores desse avanço. “O quanto vai demorar, eu não sei”, diz o empresário. “Mas acredito que a participação do setor no faturamento pode ser muito parecida ou até maior que o negócio de refeições coletivas.”
Fonte: IstoÉ Dinheiro