De um lado o mercado de franchising brasileiro é considerado um dos mais maduros do mundo, com legislação específica, crescimento contínuo e sistema consolidado. De outro, porém, a economia segue patinando e as condições objetivas de crescimento das empresas instáveis e pouco estimulantes.
Diante desse dualismo, a solução, para muitas marcas saudáveis, mas ressentidas com as poucas oportunidades de desenvolvimento no País nos últimos anos, foi a internacionalização. Abrir mercados estrangeiros fazendo a adaptação do negócio para outras culturas ou até mesmo lançando modelos exclusivos para os mercados externos é um caminho percorrido por empresas de diferentes segmentos e portes e também por aquelas que sempre sonharam em outras línguas ou pelas que jamais pensaram em atravessar qualquer fronteira ou o oceano.
De acordo com o Relatório do Desempenho do Franchising em 2016, divulgado em janeiro deste ano pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), 138 redes brasileiras de franquias atuam no exterior, marcando presença em 80 países. O segmento de moda lidera o ranking, com 27,5% das operações internacionalizadas. Na sequência, aparecem os segmentos de Alimentação (15,9%) e Saúde, Beleza e Bem-Estar (14,5%). Os países com maior número de operações de redes de franquias brasileiras são: Estados Unidos (49), Paraguai (29) e Portugal (26).
Há 18 anos, o dentista Antonio Viegas descobriu uma paixão e um novo negócio ao abandonar a odontologia e criar a Moldura Minuto, empresa especializada em decoração que tem 60 unidades espalhadas pelo Brasil e três no exterior: Paraguai, Uruguai e Argentina.
A experiência em mercados internacionais deu ao empresário estrutura para um novo negócio que já começa internacionalizado: a galeria ArtShot. Inspirada em modelos europeus, a galeria reúne fotógrafos veteranos e jovens talentos para apresentar seus trabalhos em tiragens limitadas. Já são duas unidades próprias inauguradas em São Paulo e mais uma em fase de implantação em Miami, nos Estados Unidos.
“Esse é um projeto que já nasce internacionalizado. Ele consumiu R$ 5 milhões e dois anos de estudo. Já temos algumas conversas em andamento. No Brasil acredito que caiba uma unidade em cada capital e mais duas no interior de São Paulo, em Campinas e Ribeirão Preto, apenas”, afirma o empreendedor.
Gastronomia – Para conquistar os mais diferentes paladares, a Vivenda do Camarão, que conta com 160 lojas no Brasil e cinco no exterior, sendo uma no Paraguai e quatro em Portugal, traduziu o nome para “Shrimp House”, modificou o cardápio e mira o mercado chinês.
De acordo com o sócio-diretor da Vivenda do Camarão, Rodrigo Perri, o projeto de internacionalização começou há alguns anos, quando um empreendedor demonstrou interesse em abrir uma loja no Paraguai. “A crise econômica acabou impulsionando nossa ida aos mercados no exterior. Em Portugal conseguimos um máster franqueado e a primeira loja já completou um ano com resultados dentro do planejado. Ele mesmo deve fazer o nosso desenvolvimento na Espanha, mas ainda não temos prazos definidos”, explica Perri.
A grande aposta, porém, é o mercado asiático. As conversas com um grupo local já estão bem adiantadas e a expectativa é de que a primeira unidade esteja em funcionamento dentro de um ano. Para atender as comunidades nativas e não apenas as colônias brasileiras, os cardápios foram reduzidos e modificados principalmente em relação aos acompanhamentos.
“Na China existe uma grande demanda por produtos estrangeiros. No target que atendemos – A e B – são cerca de 150 milhões de consumidores. Nossos estudos apontam que podemos ter 450 unidades no território chinês”, contabiliza o sócio-diretor da Vivenda do Camarão.
Fonte: Diário do Comércio