A Petz está comprando a Petix, a líder no mercado de tapetes higiênicos no Brasil com a marca SuperSecão
Por Pedro Arbex e Geraldo Samor
A Petz está pagando um enterprise value de R$ 70 milhões, ou 0,5x EV/vendas 2021. Do valor total, metade está sendo pago em ações da Petz, alinhando os fundadores, que continuarão na operação. Um earnout de R$ 10 milhões será pago ao longo de três anos.
Fundada há 15 anos por dois ex-executivos do Citi, Rogério Haddad e Luiz Fernando Lourenço, a Petix teve um faturamento bruto de R$ 135 milhões ano passado, e seu top line cresceu a uma taxa média de 29% nos últimos três anos.
A empresa faz 90% de suas vendas em canais especializados como pet shops e superstores – incluindo a própria Petz, que é responsável por 21% das vendas e na qual a Petix tem 47% de share na categoria de tapetes higiênicos.
A aquisição – depois da qual os produtos da Petix continuarão disponíveis em outros varejistas – é mais uma instância em que a Petz se associa a um líder de mercado com diferenciais competitivos relevantes, como parte da visão do CEO Sergio Zimerman de construir um ecossistema pet até 2025.
Um tapete higiênico é a etapa mais avançada de um ciclo civilizatório que começou com os donos de pets levando o cachorro para passear (e fazer pipi) e mais tarde evoluiu para o uso de jornais – de forma que a notícia de ontem virava o absorvente de hoje.
Quando Zimerman abriu a Petz, em 2002, o produto mal vendia. Ainda hoje, os tapetes higiênicos têm apenas 10% de penetração no Brasil, e um potencial de crescimento estimado pela Petz em 3-4x nos próximos 5 anos. Dona de um portfólio de seis marcas, a Petix é a líder em um mercado pulverizado entre 15 fabricantes.
Como bônus, seu principal produto tem uma pegada ESG. O SuperSecão é feito a partir de retalhos descartados na fabricação de fraldas infantis ou geriátricas. Como as fraldas têm muito gel, o tapete ganha mais poder de absorção do que os tapetes feitos usando outros processos. A empresa extrai o gel das fraldas – 600 milhões por ano – e o reaplica nos tapetes.
A operação acontece na planta da empresa em Monte Mor, ao lado de Campinas, onde a Petix também fabrica os tapetes white label para a própria Petz. A aquisição também tem um ângulo EUA.
A WizSmart – a marca da Petix no país – já está presente em todos os estados americanos, mas a empresa pretende adensar sua presença, ganhando relevância nos canais especializados, expandindo nas superstores e entrando em white label.
Durante a pandemia, quando fornecedores da China interromperam as vendas nos EUA, a WizSmart ganhou mercado fornecendo para redes como a Petco e a Pet Supermarket, uma rede regional com mais de 200 lojas na Flórida, além de vender na Amazon.
Uma das sinergias do negócio está no canal B2B. A Petix atinge mais de 8.000 pet shops – uma capilaridade que a Petz pretende explorar, por exemplo, para vender produtos da marca Zee.Dog.
A transação também permitirá à Petz explorar eficiências com o Zee.Pad, o tapete higiênico que é um um dos carros-chefes da Zee.Dog e responde por 25% das vendas da marca no Brasil, excluindo o Zee.Now.
Como a produção do Zee.Pad é feita no exterior, as margens têm sofrido com o dólar alto e o frete caro, e a compra da Petix permitirá à Petz internalizar parte da produção.
A Petz também pretende usar a capacidade fabril da Petix para desenvolver outros produtos com um posicionamento mais premium, abrindo mais uma avenida para explorar a marca Zee.Dog.
A Lincoln International assessorou a Petix, que teve a assessoria jurídica do Garini, Belini, Chece, Dutra, Lopes da Cruz. O assessor jurídico da Petz foi a Stocche Forbes.
Fonte: Brazil Journal