Por Ana Luiza de Carvalho –
A concessão de antecipação de recebíveis para fornecedores, que constitui o chamado risco sacado no balanço das empresas, diminuiu após o caso Americanas. A análise é do diretor financeiro da Pague Menos, Luiz Novais, que realizou nesta terça-feira (07) teleconferência de resultados do quarto trimestre.
Segundo Novais, ao final do quarto trimestre do ano passado esse tipo de operação somava R$ 240 milhões na companhia. Após o escândalo contábil da Americanas, que indicava inconsistências iniciais de pelo menos de R$ 20 bilhões relativas a operações de risco sacado, o fluxo dessas operações diminuiu. “Bancos têm certa restrição para concessão”, afirma o diretor financeiro da rede de drogarias.
Por outro lado, os fornecedores também estariam recorrendo menos a antecipação de recebíveis, refletindo em uma queda de adesão. Luiz Novais afirma que o risco sacado é uma operação comum e adotada por diversos tipos de parceiros.
“Temos multinacionais, temos fornecedores locais menores, todo e qualquer tipo de fornecedor faz adesão a esse tipo de ferramenta para seu fluxo de caixa”, afirmou o executivo.
No relatório de resultados do quarto trimestre, a Pague Menos afirma que o risco sacado foi reclassificado da linha “fornecedores” para “empréstimos e financiamentos”. De acordo com a companhia, o objetivo é dar mais destaque e transparência a esse tipo de operação.
Cenário internacional
O diretor-presidente da Pague Menos, Mário Queirós, afirma que as falhas na cadeia de suprimentos permanecem como um obstáculo no cenário macroeconômico global.
Queirós afirma que recentemente esteve nos Estados Unidos e verificou falhas de estoque em redes varejistas como o Walmart. No Brasil, a companhia tem enfrentado problemas com o fornecimento de itens como antibióticos.
De acordo com Queirós, a Pague Menos está recebendo da indústria farmacêutica carregamentos de amoxicilina, por exemplo, bem abaixo da quantidade solicitada. “O mercado está voltando aos poucos”, afirma o executivo.
Fonte: Valor Econômico