A sua empresa pode cometer erros básicos que a impedem de inovar. Executivos das redes contam as formas de evitar que isso impacte as suas vendas
Em 2007, o executivo Flávio Dias foi recrutado para comandar as operações de comércio eletrônico do Walmart no Brasil. Quando ele chegou, percebeu que a sua equipe de inovação sequer tinha acesso às redes sociais no trabalho. Hoje, como se sabe, sites como Facebook e YouTube não são apenas fundamentais para o contato com o cliente como podem representar grandes percentuais nas vendas de qualquer empresa. Erros básicos como o vivido há dez anos por Dias, atualmente diretor de comércio eletrônico da Via Varejo, ainda são comuns, especialmente em grandes empresas.
Por terem estruturas gigantescas, qualquer mudança de rota em uma grande companhia leva tempo. Há, no entanto, formas de agilizar processos e deixar o funcionamento delas mais azeitado, similar ao visto em startups. “Grandes empresas nunca serão startups”, diz Dias. “Mas para continuarem sendo relevantes, elas precisam absorver características das empresas inovadoras, como a agilidade do dia a dia.”
No evento Innovation@Retail, organizado pelo Google na quarta-feira (22), Dias e André Fatala, CTO do Magazine Luiza, falaram sobre a importância de se livrar de amarras que impedem a inovação. Conheça algumas delas e aprenda a evitá-las.
1. Não explicar a cultura da empresa aos empregados
Não adianta propagar aos quatro cantos que o objetivo da sua empresa é ser disruptiva e inovadora sem deixar isso claro aos seus funcionários. Eles precisam entender que mudanças são necessárias – mesmo em setores que estão dando resultados por anos. “A inovação tem que ser um pilar fundamental da empresa”, diz Fatala, do Magazine Luiza. “Tudo muda muito rápido. Então, o que é inovador hoje, amanhã não será mais e os funcionários precisam entender isso.”
2. Manter empregados que não concordem com a visão da companhia
Demissões sempre são desagradáveis. Há momentos, no entanto, que elas são necessárias. Conservar empregados que não estão absorvendo os novos valores e resistindo às mudanças pode (e deve) resultar em fracassos. Contratar um novo time pode ser a melhor saída. “Sempre existirão pessoas que colocarão barreiras em suas ideias”, diz Dias, da Via Varejo. “Em casos como este, é importante mandar pessoas embora.”
3. Implementar (ou manter) burocracias desnecessárias
Certos rituais burocráticos, como de segurança ou compliance, são necessários no dia a dia de uma empresa. Alguns, contudo, podem e necessitam ser revistos. No processo de criação do Magazine Você, no início da década, Fatala pediu carta branca para tocar o negócio. Ele não queria perder tempo preenchendo diversos formulários para ter acesso a um simples computador, por exemplo. Evitando burocracias como essa, em apenas três meses, ele e a equipe do Luiza Labs colocaram o projeto no ar para testes. “Empresas de fora diziam que só conseguiriam colocar o projeto em pé em 18 meses”, diz Fatala.
4. Pensar em inovação, mas deixar o resultado de lado
O varejo já é conhecido por ser um setor com margens baixas. Então, pensar apenas em investir em soluções disruptivas sem se importar com a última linha do balanço pode resultar em graves problemas financeiros no futuro. É necessário equilíbrio. “Falamos muito em disrupção, mas também precisamos entregar”, diz Dias. “É necessária uma disciplina de negócios para aliar inovação e resultados.”
5. Inovar apenas dentro de casa e não se abrir a startups
Diversas empresas buscam produtos e serviços para revolucionar o mercado. Isso, geralmente, ocorre em suas áreas de Inovação ou Pesquisa & Desenvolvimento. Porém, fechar os olhos para startups que estão surgindo pode significar a perda de diversas oportunidades em ganhos de produtividade e até mesmo de investimento. Em abril, por exemplo, o Magazine Luiza adquiriu a Integra, startup especializada na integração e gestão do relacionamento entre lojistas e marketplaces. “Você consegue ter um entendimento melhor do mercado estando perto dessas empresas e pessoas”, diz Fatala.
Fonte: NoVarejo