Durante anos, o cearense Francisco Deusmar de Queirós, fundador da rede de farmácias Pague Menos, relutou em forçar o ritmo de expansão de sua empresa no Sul e no Sudeste do Brasil. O empresário preferia focar no Nordeste, mercado que domina e no qual praticamente navegou sozinho por anos. Agora, com a investida cada vez maior na região da RD, ex-Raia Drogasil, sua principal concorrente, a empresa decidiu mudar o rumo e acelerar nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Para isso, vai abrir, em junho deste ano, um centro de distribuição em Belo Horizonte (MG), com aporte de R$ 20 milhões, e outro em São Paulo, que deve ser inaugurado no início de 2019.
A nova estrutura logística vai ajudar na expansão das lojas. Só neste ano, estão previstas 40 inaugurações em São Paulo e 30 em Minas Gerais. O número é três vezes maior do que o registrado em 2017, quando foram abertas 24 lojas no Sudeste. Estão nos planos unidades no Rio de Janeiro e no Sul. “No total, serão 200 novas drogarias em 2018, em um investimento de R$ 260 milhões”, disse Mário Queirós, CEO da Pague Menos e filho do fundador, que assumiu a empresa em 2016, num plano de sucessão elaborado pelo General Atlantic, fundo americano que adquiriu 17% do capital da empresa em 2015, por R$ 600 milhões.
Com as aberturas previstas para este ano, a Pague Menos, que faturou R$ 6,3 bilhões no ano passado e conta com 23 mil funcionários, deve atingir 1,3 mil unidades. O plano é se aproximar da RD, líder do setor com 1,6 mil farmácias e faturamento de R$ 13,8 bilhões. “Em breve, chegaremos no tamanho deles”, diz Deusmar, presidente do Conselho de Administração da empresa. “Queremos voltar a ser a maior do Brasil.” Até a fusão das concorrentes, em 2011, a companhia era a primeira em número de lojas. O embate, agora, é no terreno dominado pela rival.
A RD entrou no Nordeste, em 2012. O primeiro Estado foi a Bahia. Mas até 2017, pouco avançou. A partir do ano passado, a rival pisou no acelerador e abriu 41 unidades na região. Neste ano, o plano é chegar ao Maranhão, último Estado nordestino em que ainda não está presente, e ao Pará. Com isso, a Pague Menos, que tem quase 60% das lojas na região, foi impactada. A solução foi expandir-se no Sudeste, onde a participação é de apenas 1,9%. “A entrada no mercado dominado pela concorrente é um movimento, em ambos os casos, natural e que teria de ser feito”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
O plano da Pague Menos vai além da abertura de lojas. A empresa quer conquistar o consumidor com a oferta de serviços farmacêuticos, algo ainda incipiente na concorrente. A companhia oferece atendimento dentro das farmácias, como o acompanhamento de hipertensão, diabetes e colesterol. Neste ano, a rede vai iniciar também a aplicação de vacinas e tem planos de aumentar o número de salas para as consultas. A tentativa é estimular a frequência dos clientes e gerar mais vendas. “Esse projeto é a menina dos olhos da diretoria”, diz Deusmar. Até o momento, os serviços são oferecidos de forma gratuita, mas a intenção é começar a cobrar neste ano. Nessa nova rota, tudo o que a Pague Menos quer é se aproximar da liderança.
Fonte: IstoÉ Dinheiro