A recuperação do consumo dos brasileiros deverá acontecer somente no segundo semestre deste ano, quando a renda disponível das famílias deverá ser maior, afirmou João Paulo Ferreira, presidente da fabricante de cosméticos Natura. “A massa salarial é uma variável importante que merece ser observada. No momento, vemos uma recuperação lenta”, disse, durante teleconferência para anúncio dos resultados do 1º trimestre. Segundo o executivo, esse é um dos fatores que influenciaram o crescimento mais tímido da receita da operação brasileira da marca em 0,8%, totalizando R$ 1,168 bilhão. As vendas foram impactadas pelo calendário comercial, que mudou a campanha de Dia das Mães para o segundo trimestre, mas ajustado pela sazonalidade, o aumento nas vendas teria sido de 3%.
Ferreira comentou que a Natura quer crescer acima da média do mercado no país e ganhar mais participação. Em abril, a consultoria Euromonitor divulgou que a fabricante recuperou a liderança no setor de beleza ao ultrapassar a Unilever. A fatia da Natura ficou em 11,7%, um ganho de 0,9 ponto percentual, enquanto a da multinacional chegou a 11,1%, perdendo 1,5 ponto percentual.
“A concorrência continua muito intensa no setor. No passado recente, nunca tinha visto tanta competitividade”, afirmou o presidente.
Na Avon, principal rival em vendas diretas no Brasil, o prejuízo nos três primeiros meses de 2018 foi 44,4% menor em base anual, de US$ 20,3 milhões. A receita avançou 5%, para US$ 1,4 bilhão. O ganho com venda de produtos cresceu 1%, a US$ 1,3 bilhão. O Brasil teve um papel de destaque negativo nos resultados, com um recuo de 4% nas vendas. Houve retração no desempenho dos revendedores e à queda na média de encomendas.
A produtividade das consultoras deverá ajudar a companhia a sustentar a liderança no setor, principalmente com o avanço da digitalização do processo de vendas. Atualmente, 550 mil revendedoras fazem vendas pelo aplicativo, aumentando a importância desse canal nas vendas da Natura. De janeiro a março, a produtividade aumentou 21,8%, sendo que um ano antes havia ficado em 9,2%. O sistema de vendas por relações, que remunera conforme o desempenho da vendedora, é responsável por avanço de dois dígitos no indicador há três trimestres consecutivos.
No varejo, a companhia quer aumentar a presença com lojas físicas nos shopping centers. O executivo preferiu não dar o número exato de unidades, mas disse que as próximas inaugurações não serão ficarão restritas ao eixo Rio-São Paulo. “Vemos alguns cartazes em shoppings de Curitiba e no Centro-Oeste”.
Argentina
A meta da companhia é alcançar a liderança no mercado de cosméticos, fragrância e higiene pessoal na Argentina, disse Ferreira. Atualmente, a marca tem a terceira posição em vendas no país vizinho.
“Estamos ganhando participação de mercado nos últimos anos e em breve chegaremos ao primeiro lugar”, afirmou.
De acordo com o executivo, a Argentina é um dos maiores mercados da fabricante de cosméticos na região. A forte desvalorização do peso não atrapalha os planos da companhia. “Estamos confiantes na operação e os riscos podem ser bem gerenciados”.
Fonte: Valor Econômico