Para Eduardo Terra, lojistas vêm buscando canais digitais como alternativa às restrições trazidas pela pandemia
Por Weruska Goeking
As medidas de restrição de circulação e distanciamento social adotadas em grande parte do país derrubaram o fluxo de consumidores no comércio brasileiro, segundo o Índice de Performance do Varejo (IPV), feito em conjunto pela FX Data Intelligence, e pela F360º, plataforma de gestão de varejo, em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
Houve queda de 58% na movimentação nos shoppings em março e recuo de 41,3% no comércio de lojas físicas de todo o país em relação a fevereiro. As lojas localizadas em centros de compras tiveram o maior recuo, de 47,4%, enquanto as situadas nas ruas caíram 33,1%.
“Os dados do IPV dão uma visão completa de como as medidas de restrição impactaram diretamente a rentabilidade e a movimentação do varejo nacional. Alguns lojistas vêm se antecipando e buscando canais de venda digitais como forma alternativa a estas restrições”, afirma Eduardo Terra, presidente da SBVC.
Entre as regiões brasileiras, nas lojas físicas, apenas o Norte registrou alta no período, de 203,2%, uma vez que a segunda onda da pandemia de covid-19 atingiu a região antes das demais. O Sudeste teve a maior queda, de 62,4% em relação a fevereiro, seguido por Centro-Oeste, com recuo de 56,8%, Sul (-45,4%) e Nordeste (-43,8%).
Entre os shoppings, o Sudeste novamente teve o maior tombo em março, de 74,2%, ante fevereiro. O Nordeste registrou queda de 39,7% no fluxo de consumidores e o Sul recuo de 20,4%. Os centros de compras do Centro-Oeste e do Norte não tiveram amostragem significativa no levantamento.
Setores
O fluxo em lojas do segmento de eletroeletrônicos voltou a crescer de forma significativa, com alta de 338,86% em março ante fevereiro. A circulação de consumidores também cresceu em lojas de calçados (+48,5%) e drogarias (+23%) no mês passado.
Entre as quedas, a maior foi na categoria utilidades domésticas, com tombo 67,7%, seguido por moda (-62,1%), lojas de departamento (-61,5%), beleza (-46,8%), home center/casa de construção (-30,1%) e ótica (-10%).
Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, a campanha de vacinação pode ser o grande diferencial para atrair os consumidores de volta às lojas. “A partir do momento em que o país vacinar grande parte de sua população e os casos voltarem a cair, podemos ter um aumento controlado no fluxo, o que certamente vai impactar o caixa dos lojistas”, diz.
Pior que em 2020
Quando comparado com março do ano passado, no inicio da pandemia no Brasil e quando pouco se sabia sobre a doença, o recuo na circulação de consumidores no comércio é ainda maior.
“É preciso buscar alternativas que possam conciliar a recuperação econômica com a campanha de vacinação em todo o país”, afirma Flávia Pini, presidente da FX Data Intelligence.
A movimentação nos shoppings foi 61,8% menor no mês passado em relação a março de 2020. As lojas físicas registraram queda de 44,1% no período, os pontos de venda estabelecidos em ruas recuaram 36,1% e a circulação nos centros de compra foi 49% menor.
Nas lojas físicas, o movimento dos consumidores caiu 49,1% no Brasil. Na análise por região, as lojas físicas do Norte tiveram o menor recuo, de 19,4%, seguidas pelo Nordeste, com 38,4%. O Centro-Oeste teve o maior recuo, com tombo de 61,5% na circulação nas lojas, seguido por Sudeste (-56,3%) e Sul (-41,7%).
A circulação nos shoppings caiu 53,3% em todo o país em março em relação ao mesmo mês de 2020. A maior queda foi observada no Sudeste (-77,2%), seguido por Norte e Sul, ambas com recuo de 40,1% no fluxo de consumidores. Os centros de compras localizados no Centro-Oeste e no Norte não tiveram amostragem significativa no levantamento.
Fonte: Valor Invest