Com o boom do mercado de vizinhança as mudanças foram ainda mais significativas no pequeno varejo, com o índice atingindo 60% nas lojas com 4 checkouts
Por Bruna Soares
Nos últimos dois anos, 51% dos varejistas mudaram a estrutura de seus pontos de venda, devido à pandemia. Com o boom do mercado de vizinhança no período, impulsionado pela priorização das compras em estabelecimentos próximos, as mudanças foram ainda mais significativas no pequeno varejo, com o índice atingindo 60% nas lojas com 4 checkouts. As principais transformações aconteceram com o fenômeno da “figitalização” e com a readequação do mix de produtos. É o que aponta um estudo realizado pela Gfk e apresentado no “Vizzinha – 2º Fórum Nacional do Varejo de Vizinhança”, realizado pelo Clube do Varejo. “Hoje, não tem mais barreira entre o físico e o virtual. O consumidor vai comprar onde ele vir mais conveniência”, disse Henrique Mascarenhas, Commercial Director – Brazil & Strategic Accounts LATAM da GfK. Para o executivo, nestas circunstâncias, o papel do varejo físico começa a mudar, tornando-se, inclusive, uma “ponta de lança” para o varejo online.
Aposta em WhatsApp
Acompanhando os players maiores, o canal vizinhança também adaptou seus negócios para o atendimento digital. O WhatsApp atingiu penetração de 98% no formato, enquanto os aplicativos de vendas chegaram a 71%. Na análise por tamanho de loja, os pontos de venda com 4 checkouts foram destaque, com 52% utilizando o WhatsApp, seguidos por 3 checkouts (45%), 2 ckeckouts (29%) e 1 checkout (24%). Ainda segundo informações da Gfk, os apps de vendas foram adotados por 26% das lojas com 4 checkouts, 15% com 3 checkouts, 12% com 2 checkouts e 5% com 1 checkout. Já na implementação de sites, há uma inversão, com os PDVs de 3 checkouts na liderança (com 15%). Na sequência, estão as lojas com 4 checkouts (12%), 2 checkouts (10%) e 1 checkout (3%).
Frequência em Loja
Entre os quatro perfis de lojas apresentados, as que têm 4 checkouts foram as que mais perderam frequência de clientes em 2021. A média ficou em 150 clientes por dia. Nos PDVs de 3 checkouts, também foram registrados cerca de 150 clientes. Nas operações com 2 checkouts, foram 100 e, em 1 checkout, 60. No entanto, na visão de Henrique Mascarenhas, esse cenário começa a mudar. “Agora, o consumidor volta à loja, mas não necessariamente fechando a compra na loja.” Para o diretor, a visita ao espaço físico é muito mais voltada à experimentação e contato com o produto, do que à compra em si. “A pandemia foi um grande laboratório de educação digital para o consumidor”, destacou.
Mudanças em Sortimento
De acordo com a Gfk, os pontos de venda estão ficando menores e, nesta redução, a área mais impactada é a de estocagem. A análise é reforçada pelo aumento de novas lojas entre 1 e 2 checkouts. Com isso, cada vez mais, as empresas buscam tornar seu mix eficiente, focando-o em compras de alta frequência e reposição. Os produtos de maior giro e os que apresentam dificuldades de reposição têm sido priorizados pelas lojas de vizinhança. Contudo, nota-se, também, um movimento de diversificação do sortimento. O estudo aponta que em lojas de 3 e 4 checkouts, por exemplo, há uma introdução de produtos orgânicos e da categoria de eletro. Já nos PDVs de 1 e 2 checkouts, as apostas são itens de bazar, hortifruti e padaria. Agora, os aprendizados dos pequenos varejistas relacionados a mix e digitalização começam a se estender à sua relação com a indústria, em frentes como contato/relacionamento e abastecimento.
Fonte: GiroNews