Varejista, que adiou a abertura de capital em 2020, mira o meio do ano para estrear na Bolsa brasileira
Por Fernanda Guimarães
Depois de postergar a sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) no ano passado, a varejista Havan, do empresário Luciano Hang, retomou a operação, apurou o Estadão. Os bancos contratados para estruturar a oferta já estão engajados e a empresa tem o objetivo de buscar um valor de mercado de ao menos R$ 70 bilhões, conforme fontes. A projeção é que a estreia da empresa na Bolsa brasileira ocorra na metade do ano.
Novas reuniões com potenciais investidores já começaram a ser agendadas. São nessas conversas prévias que os bancos sondam o apetite do mercado pelas ações da empresa e estimam o preço do papel. Segundo uma fonte, há uma reunião marcada para a próxima semana, mas por conta da piora da pandemia, há possibilidade de esse encontro com investidores ser adiado. Desde o ano passado, as ofertas têm o formado virtual.
Na avaliação de fontes de mercado, a recente alta da Selic para uma taxa de 2,75% ao ano não altera as projeções otimistas para o volume de ofertas de ações na Bolsa brasileira neste ano. As estimativas, contudo, dependem do contexto do mercado nos próximos meses e da volatilidade, que atrapalha os IPOs, porque aumenta nos investidores a aversão ao risco.
Ferrenho defensor do presidente Jair Bolsonaro e com posicionamento quase sempre polêmico,a postura de Hang, que além de dono é o garoto-propaganda da Havan, constava como um dos riscos do IPO no prospecto da oferta que a empresa chegou a protocolar na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no ano passado. “O nosso diretor presidente e acionista controlador direto da Companhia já foi no passado e é parte em inquéritos e ações cíveis, criminais e ações civis públicas, relativos a condutas supostamente inapropriadas, e/ou ofensivas, inclusive decorrentes de sua opinião pessoal nas redes sociais, sendo que algumas matérias cíveis tiveram ou podem ainda ter potenciais desdobramentos na esfera criminal”, citava o documento.
Investimento
Nesse mesmo prospecto, a varejista citava que usaria os recursos provenientes da oferta na expansão de lojas e do centro de distribuição, em aportes em tecnologia e no reforço no capital de giro. “O plano de expansão da Havan é arrojado, e continuamos firmes no nosso desafiador projeto de termos 200 megalojas operando até o final de 2022”, apontava o documento, que precisará ser atualizado com os dados da empresa para ser novamente arquivado junto ao regulador.
A varejista foi criada em Santa Catarina e hoje tem 155 lojas físicas – muitas delas com uma réplica da Estátua da Liberdade no estacionamento, uma marca da rede. O IPO também englobaria a venda de uma fatia da empresa por Hang. São coordenadores da oferta Itaú BBA, XP, BTG Pactual, Morgan Stanley, Bank of America, Bradesco BBI, Santander e Safra.
Fonte: Estadão