A escocesa Aberdeen Asset Management, que fez recentemente uma grande compra de ações da Lojas Renner e se tornou a maior acionista da rede varejista, se posiciona para invadir nossa praia. O fundo estaria negociando a compra de uma participação na General Shopping, uma das maiores do país no segmento de outlets, além de 12 shoppings no modelo tradicional. A Aberdeen teria iniciado negociações com representantes da família Veronezi, à frente o chairman da companhia, Alessandro Poli. A proposta é adquirir parte dos 75% pertencentes à Golf Participações, empresa de participações dos Veronezi. Procurada, a Aberdeen negou a compra. Já a General Shopping preferiu o silêncio.
Não é de hoje que os controladores da General Shopping buscam um investidor para retomar a expansão da empresa. A condição sempre foi não abrir mão do controle. Mas, dessa vez, Poli não quer cometer os erros do passado, quando preferiu endividar a companhia, com o lançamento de títulos no mercado internacional em vez de fazer um aumento de capital. O preço da escolha foi alto. O endividamento em moeda forte saltou de US$ 250 milhões para US$ 400 milhões. O prejuízo acumulado nos últimos dois anos passa dos R$ 360 milhões.
A Aberdeen olha para esses números com o apetite de experiente predador. A estratégia é a de sempre: entrar com 20% ou 30% do capital e, uma vez dentro da companhia, ir se fortalecendo até se tornar majoritária, aproveitando-se da fragilidade da presa e dos preços de liquidação – em 12 meses, o valor de mercado da General Shopping caiu 67%. Os escoceses se empenharão para que não faltem os aumentos de capital favoráveis à pavimentação da sua estrada. Quem assistiu ao filme sobre a compra de ações da Renner pela Aberdeen já viu a história toda.