Estratégia adotada pela NQZ é tida como pioneira nesse setor e vista como alternativa para que as marcas recebam aportes ‘picados’, mas constantes; participação ‘acionária’ por loja é de até 49%
A holding de franquias NQZ, que detém marcas como a The Original Cake e MundoCheff, aposta em um novo formato de investimentos no mercado. Chamado de ‘franquia coletiva’, a empresa comercializa ‘cotas’ de suas lojas próprias para pequenos investidores. O valor mínimo é de R$ 10 mil.
Com 18 lojas próprias, a rede divide as unidades em dois grupos. O grupo A tem 12 lojas a um valor total de R$ 2,4 milhões e o grupo B possui 6 lojas avaliadas em R$ 1 milhão. Do montante total de cada conjunto a empresa vende 49%, garantindo que o controle continue na companhia. A parte de gerência também fica a cargo da rede.
Para a holding, o modelo permite acelerar a abertura de unidades próprias de uma maneira mais segura. “No modelo tradicional de franquias você precisa de um investidor que tenha um capital alto e tempo para administrar a loja. No de ‘cotas’ financiamos a abertura com a venda de pequenas frações” explica o presidente do grupo, Bruno Queiroz.
Já o investidor ganha uma rentabilidade mensal que varia de acordo com a lucratividade do grupo de lojas, sem a necessidade de administrar o negócio. Nos últimos quatro meses, de acordo com o empresário, o ganho variou de 0,7% a 3% ao mês. Para que o investidor ganhe a rentabilidade mensal, contudo, Queiroz explica que é necessário que o grupo de franquias atinja o que ele chama de ‘fundo de caixa’, um valor mínimo que é guardado para o pagamento de impostos e outros custos. “Todo o mês o investidor ganha um percentual do lucro das lojas, contando que o grupo atinja esse fundo de caixa”, explica. O modelo, idealizado em 2014 pela holding, sofreu alterações ao longo dos últimos anos até chegar no formato atual. Uma das principais mudanças foi justamente a implantação do fundo de caixa.
Um dos investidores do modelo, Anderson Alves Pereira conta que desde que o fundo foi implementado foram poucos os meses em que o valor mínimo não tenha sido excedido. Segundo ele, a rentabilidade do investimento que ele fez, de R$ 50 mil, tem variado nos últimos meses entre 1,5% a 1,8%. “Tem essa oscilação, mas em geral a rentabilidade é boa. No melhor momento já chegou a 3% ao mês”, afirma. Ele conta que optou pelo sistema de ‘cotas’ porque queria investir em uma franquia, mas não tinha tempo nem conhecimento de varejo para administrar o negócio. “Eu trabalho em outras coisas e não tenho tempo para tocar uma franquia. Avaliei que o melhor para mim era entrar como sócio e deixar que a rede toque o negócio. É menos arriscado”, explica.
Um dos problemas do modelo de investimento, segundo o CEO da NQZ, é a falta de liquidez. “O grande percalço do formato é que você tem as mesmas dificuldades que teria ao sair de uma sociedade”, diz. Além disso, há um risco óbvio para o investidor que é a possibilidade das lojas quebrarem.
O empresário ressalta a necessidade de entender o modelo de ‘cotas’ como um investimento coletivo. “As vezes interessados procuram achando que é um espécie de poupança. Mas não é isso, é como uma sociedade. Possui os mesmos riscos de uma empresa.”
Cautela
O formato, de acordo com o presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Altino Cristofoletti, é uma novidade no setor de franquias. Ele conta que não há nenhuma outra rede que ofereça essa modalidade de investimentos.
Por ser um formato novo e pouco consolidado no ramo, o executivo aconselha certa cautela para os interessados no momento de decidir investir. “Eu aconselho que todo investidor vá com cautela e busque conhecer melhor o sistema”, diz. Ele complementa, que assim como em qualquer outro investimento no franchising é fundamental buscar conhecer a fundo a rede e conversar com outros investidores para saber como estão os ganhos. “É importante antes de tomar a decisão, seja em uma franquia normal ou nesse sistema.”
Fonte: DCI