Redes que utilizam o modelo de franquias têm apostado hoje em estratégias como ensino a distância e personalização de seus treinamentos na capacitação de seus franqueados, importante para garantir a padronização de suas unidades.
Segundo Fabiana Estrela, diretora de capacitação da ABF (Associação Brasileira de Franchising), vídeos, games, animações e orientações enviadas por WhatsApp são técnicas em alta no setor, principalmente para marcas com unidades espalhadas pelo Brasil e por outros países.
“Temos visto que o ensino a distância está indo muito para o caminho da ‘gamificação’, como se cada game fosse uma trilha de conhecimento, dividida por assuntos específicos”, afirma Fabiana.
O formato lúdico, diz, costuma ajudar os franqueados no processo de aprendizagem. Um jogo que computa pontos, por exemplo, tende a deixar as equipes mais comprometidas com o treinamento.
Franqueadoras de grande porte —com mais de cem unidades espalhadas pelo país— têm, inclusive, formado universidades corporativas, com plataformas de ensino a distância, afirma Hannah Salmen, analista do Sebrae.
Segundo Mércia Machado Vergili, da consultoria GSPP, as franquias têm montado seus próprios treinamentos com a especificidade de cada área de atuação dos profissionais em mente.
“Pelas plataformas, conseguem acompanhar o desempenho dos franqueados e dos funcionários ao longo do treinamento”, diz.
Esse aprendizado costuma ser, porém, associado a treinamentos presenciais. A rede de restaurantes Saladenha, por exemplo, oferece em sala de aula materiais sobre administração, marketing, vendas e operação, que também ficarão disponíveis numa plataforma de ensino a distância que será lançada até o fim do ano.
“O franqueado terá acesso a vídeos, apresentações e manuais para reciclar sua equipe ou treinar novos colaboradores”, diz Renato Flora, 40, sócio-diretor da rede, hoje com 12 unidades em São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. A marca projeta abrir mais oito lojas neste ano e encerrar 2018 com faturamento acima de R$ 3,2 milhões.
A rede de farmácias de manipulação veterinária Fórmula Animal, com 32 unidades no país, soma a seu treinamento presencial um aplicativo com ebooks, informações técnicas e serviço de suporte para dúvidas.
Também disponibiliza vídeos mostrando o passo a passo sobre manipulação ideal para auxiliar os franqueados e para treinamento de funcionários, diz Marcelo Piazera, sócio-fundador da rede.
Já a criação de um centro de treinamento com cursos diferentes para cada empregado foi o caminho encontrado pelas redes OdontoCompany, de odontologia, e PartMed, de clínicas populares, para capacitar suas unidades franqueadas.
Inaugurado em abril deste ano, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, o espaço tem capacidade para receber cerca de 80 pessoas. As aulas de cada um são adaptadas de acordo com suas rotinas e com as funções que vai exercer nas empresas.
“Quando a equipe está formada, o franqueado e seus funcionários vêm para o centro de treinamento, onde ficam por uma semana. Em média, oito pessoas por unidade são capacitadas, entre dentistas ou médicos, gerentes, recepcionistas, além do próprio franqueado”, conta Paulo Zahr, fundador das redes.
“Normalmente temos de 6 a 7 grupos, de franquias diferentes, sendo treinados simultaneamente. O treinamento ocorre em período integral, das 9h às 19h.”
Na Sigbol Fashion, rede de escolas de moda, o treinamento presencial é complementado por um estágio prático em uma de suas 25 unidades em operação no estado de São Paulo. A marca oferece, ainda, um coaching de vendas durante três meses para os novos franqueados.
“A ideia é que o empreendedor aprenda gestão de vendas, o que vai facilitar o dia a dia do negócio”, afirma Aluízio de Freitas, 55, diretor-executivo da Sigbol.
Treinamento semelhante oferece a rede de restaurantes por quilo Divino Fogão, com 183 unidades pelo país, que firmou uma parceria com uma consultoria para ensinar planejamento, motivação, técnicas de negociação e vendas.
Segundo Reinaldo Varela, 59, fundador da marca, a rede também aprende com os franqueados. “Há treinamento e qualificação para manter o sabor típico da fazenda. Mas o franqueado tem liberdade e espaço para opinar e sugerir, além de inovar com receitas locais, sendo que tudo que dá certo pode ser compartilhado com outras lojas da rede.”
Fonte: Folha de S. Paulo