Quem teve obras de novas lojas postergadas ou tem planos de erguer outras unidades em 2021 não passará pelas dificuldades de 2020. Pelo menos no que diz respeito ao fornecimento da maioria dos materiais de construção. Neste ano, o abastecimento sofreu um baque com o aumento inesperado da procura, enquanto a produção se mantinha desorganizada pela pandemia. Agora se estabiliza e, até fevereiro e março de 2021, estará regular em todos os segmentos. “É o que se espera,” diz Wanderson Leite, CEO da Prospecta Obras .
Com os preços a história é diferente
Materiais e equipamentos para construção tiveram alta de 13,77% no acumulado de 2020, segundo a FGV, e ainda sofrerão pressões em 2021. Parte desse salto decorreu da subida do dólar, que afetou commodities importantes como minério de ferro, alumínio e cobre. “E no próximo ano a questão cambial continuará importante, inclusive com impacto no preço da gasolina, que encarece o frete,” diz Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da FGV .
Recuo de preços, seja qual for o segmento, está fora de questão. A indústria aproveita para recompor sua margem, corroída pelos meses ruins. Segundo a ABRAMAT, que congrega fornecedores de diferentes segmentos, o faturamento do total das empresas no ano caiu 2,8% (valor deflacionado) em relação a 2019.
Outra pressão sobre os custos das obras – essa sem nada a ver com os materiais – será o aumento da procura por mão-de-obra. “Teremos um mercado imobiliário ainda aquecido em 2021, demandando mais e mais pessoas. O setor de infraestrutura também consumido mais materiais e mão de obra ”, esclarece a professora.
Ana Maria ressalva, contudo, que os cenários ainda são incertos, inclusive os do abastecimento, já que existem gargalos na cadeia de insumos intermediários. Itens como resina para produção dos tubos de PVC, por exemplo, dependem do cenário externo. “Não sabemos se virão outras ondas da Covid, quando a vacinação se tornará abrangente, e qual será a capacidade de reação da economia”, acrescenta.
A Abitelha, que reúne fabricantes de telhas, compartilha das mesmas dúvidas. Segundo a assessoria de imprensa da associação, ainda não é possível ter uma previsão de como o mercado se comportará nos próximos meses, nem como será o cenário de abastecimento de matérias-primas.
De qualquer jeito, a produção da indústria está se estabilizando. Conforme a ABRAMAT, o nível de utilização da capacidade instalada atingiu, em outubro, média de 85% e a intenção de investimentos de curto e médio prazo foi apontada por 74% dos associados. Em abril, a intenção se resumia a 36% dos associados.
Em 2021, varejo alimentar será forte consumidor de materiais de construção
“Os projetos do setor cresceram 7% em relação ao ano passado e, em 2021, prometem se acelerar”, diz Wanderson Leite, CEO da Prospecta Obras. “O varejo alimentar teve de readaptar o cronograma neste ano, mas as obras em andamento e os planos de 2021 continuam acontecendo”, garante. Para ele, a expansão do setor retornará com força e sem grandes atropelos (salvo complicações geradas pela pandemia). O executivo estima que em fevereiro e março toda a indústria de materiais estará fornecendo sem problemas e os preços dos produtos estarão mais estáveis. Wanderson é o fundador da Prospecta, plataforma digital que fornece informações sobre construções civis em andamento em todo o País.
Fonte: S.A. Varejo