Pouco mais de dois meses após estrear na B3, a Enjoei, plataforma de compra e venda de produtos usados, com foco em moda e acessórios, expande alianças com varejistas do setor, como a C&A, e faz planos para ampliar sua carteira digital.
Na parceria com a C&A, anunciada nesta semana, a Enjoei está oferecendo créditos ao consumidor em troca de roupas usadas, em bom estado. O cliente leva as peças às lojas da varejista de moda, que são revendidas na Enjoei. “Você gera fluxo de vendas para as lojas físicas e faz o ciclo completo da moda, que não termina quando a roupa está em casa”, diz Ana Luiza McLaren, presidente do conselho e sócia-fundadora da Enjoei.
A empresária informa que o próximo parceiro será anunciado no começo de fevereiro. Desde 2018, a empresa já conta com um canal da grife brasileira Farm, do Grupo Soma, que oferece créditos em vendas de peças da marca. Em novembro, a Enjoei informou que estava negociando vendas de itens com 15 marcas.
A meta da empresa é ambiciosa. “Para cada duas peças de moda compradas na internet, nossa missão é que uma seja do Enjoei”, diz Ana. Em 2020, as vendas on-line de roupas no país somaram R$ 8,5 bilhões, um avanço de 269% em relação a 2019, segundo dados da Euromonitor International.
Investir na ampliação do time de desenvolvimento de produto e de serviços financeiros também estão nos planos.
A expansão da Enjubank, o lado fintech da empresa, vai beneficiar a parcela da sociedade que não tem conta em banco, diz a empresária. A ideia, segundo ela, é habilitar a Enjoei como Sociedade de Crédito Direto (SCD) junto ao Banco Central para que os clientes façam compras e pagamentos com os créditos da plataforma. O cronograma está em segredo.
No começo de fevereiro, a empresa também anuncia novos diretores para funções de marketing, finanças, operações e experiência do cliente. Ana conta que o ritmo de contratações tem sido intenso desde dezembro, com a adesão de 40 pessoas. Hoje a empresa tem 160 funcionários, incluindo diretorias jurídica e de relações com investidores.
Antes do IPO, Ana e o marido, Tiê Lima, sócio-fundador e CEO da Enjoei, se dividiam nas funções de gestão, RI e marketing entre outras. “Os investidores estavam com a gente construindo a empresa” diz a executiva, referindo-se a fundos como Monashees, Dynamo e Bessemer, que embarcaram antes do IPO (oferta pública inicial de ações na bolsa).
Publicitária e vendedora desde os tempos da escola, Ana conheceu o marido e sócio quando estagiava no Shoptime, hoje do grupo B2W. “Nos formamos no varejo, passando também por Americanas e Submarino, mas achávamos que era preciso fazer uma proposta de e-commerce diferente”.
No terceiro trimestre de 2020, a receita cresceu 52%, para R$ 22,3 milhões, com prejuízo líquido de R$ 8,1 milhões, cinco vezes superior em relação a igual período de 2019. O resultado, segundo a empresa, reflete maiores despesas operacionais. Ontem, a ação fechou em alta de 6,76% cotada a R$ 16,10.
Fonte: Valor Econômico