A demanda dos consumidores por diminuir o consumo de embalagens para reduzir a quantidade de lixo está aumentando como uma tendência mundial. Enquanto uma pequena parte adere ao movimento Lixo Zero, cada vez mais a consciência ambiental se consolida como tendência e está levando os empreendedores a pensarem com mais cuidado nas embalagens dos seus produtos.
Exemplo da Alemanha
No mercado Original Unverpackt, em Berlim, os produtos alimentícios frescos, cosméticos e produtos de limpeza são oferecidos em embalagens retornáveis de tecido ou de vidro
Um dos exemplos é o Original Unverpackt, criado em Berlim, na Alemanha, e que defende ser o primeiro supermercado sem embalagens do mundo. Lá, os consumidores têm a oferta de produtos a granel e a opção de apenas comprar embalagens retornáveis no local, feitas de saquinhos de pano ou de potes de vidro, ou levar suas próprias.
Experiência brasileira
Uma loja da rede Pão de Açúcar, em São Paulo, recebeu um dispenser com 40 produtos a granel, que são pesados por funcionários e vendidos em embalagens de vidro retornáveis
No Brasil, o Grupo Pão de Açúcar implantou em uma de suas lojas, em São Paulo, a ação Reutilizar #praserfeliz, que comercializa produtos a granel. Os funcionários foram treinados para ajudar a pesar os produtos, como grãos, cereais e frutas secas, em embalagens de vidro retornáveis, à venda no local, ou que podem ser trazidas de casa.
Uma das defensoras do movimento Lixo Zero no país é a designer Cristal Muniz, do blog Um Ano Sem Lixo, que carrega seus guardanapos de pano e potes de vidros para todo lugar, como uma forma de gerar a menor quantidade de lixo possível. Para ela, reduzir o lixo que produzimos é mais fácil do que parece. “Acho muito ruim quando falam disso como um ato heroico. Todo mundo deveria se preocupar e pensar nisso, mesmo que não consiga trocar tudo. Cada pequeno ato já é importante”, defende.
Redução de impacto
Mesmo para aqueles negócios em que a eliminação das embalagens não é possível, os empresários criam estratégias para reduzir o impacto no ambiente. As criadoras da loja Da Vila, que comercializa pães, bolos e bebidas orgânicas de fabricação artesanal, têm a preservação do ambiente como um dos valores. Para diminuir o impacto das embalagens, as empresárias escolheram o papel kraft e os potes de vidro como principais materiais, mesmo com o aumento do custo, em comparação com o plástico. Além disso, há uma política de descontos na compra de novos produtos para os clientes que retornam embalagens de vidro.
“É um conceito que está dentro da cozinha, a nossa meta é lixo zero na produção. A gente não usa potes de plástico pelo conceito, por acreditar que pequenas ações vão trazer a transformação. Um cliente pode retornar o vidro porque quer o desconto, mas depois ele pode passar a fazer um lixo seletivo em sua casa, por exemplo”, afirma Luísa Leite.
Optar por xampus e condicionadores sólidos para ter a opção de usar embalagens de papel reciclável foi a estratégia da farmacêutica e artesã de cosméticos Mona Soares para a sua marca Ewé Alquimias. “Venho pesquisando desenvolver produtos sólidos e com ingredientes com maior biodegradabilidade, que podem ser reciclados de forma mais fácil. Acho que esse tipo de iniciativa deve partir dos dois lados, tanto das empresas quanto do consumidor”, afirma a empresária.
A existência desse público tem potencial para gerar oportunidades de negócios direcionados a um público segmentado, além de redução de custos em qualquer negócio, afirma o analista técnico do Sebrae Bahia, Eduardo Garrido. “Um mercado a granel é uma tendência interessante atualmente e está atrelado a essa demanda que vem dos clientes. É importante que os fornecedores e as empresas também tenham essa consciência para estimular, com campanhas, ações e descontos, que os próprios clientes levem seus potes e sacolas”.
Ações sustentáveis
Embalagens – Reduzir o número ou escolher materiais biodegradáveis para acondicionar os produtos são ações que estão ao alcance de todos os empreendedores, mesmo aqueles que não querem aderir ao movimento Lixo Zero
Custos – Rever processos para evitar desperdícios, como de materiais, de água ou de energia, além de fazer bem ao meio ambiente, pode gerar economias às empresas
A granel – Mercados a granel são uma tendência e, além das embalagens convencionais, podem oferecer retornáveis
Design – Para alcançar o público pretendido, que é segmentado, o empresário precisa ser eficiente em sua comunicação e fazer uma pesquisa de mercado antes de determinar produtos e preços
Visibilidade – Uma embalagem chamativa costuma ser encarada como um atrativo. Em embalagens retornáveis, a marca do empreendimento também pode estar presente e ser um diferencial.
Fonte: A Tarde