Sem tempo para se planejar, muitas redes adotaram procedimentos que não se sustentam por muito tempo
Na correria gerada pela pandemia do novo coronavírus, muitas empresas entraram a toque de caixa no e-commerce para abastecer a população, o que revelou a incrível capacidade de adaptação e iniciativa do varejo alimentar. Contudo, quem teve de improvisar deve agora tornar a operação mais robusta e eficiente. Até porque o e-commerce, que parecia uma realidade distante em alguns municípios, se transformou num canal perene, cujo tamanho justifica investimentos.
Um dos pontos a refletir é a adaptação de lojas físicas à seleção e entrega de mercadorias. Como não houve planejamento, muitas empresas usam corredores e fundos da loja ou áreas temporariamente desativadas para o processamento. Isso não se sustenta por muito tempo, segundo consultores ouvidos por SA Varejo. A sincronização do sistema de pedidos online com os estoques da loja tem ficado abaixo do desejável, e isso é tolerável pelo consumidor num momento de exceção, mas não sempre. “Eu procurei em vários sites uma determinada marca de queijo e só encontrei em uma loja. Fiz o pedido, paguei, mas o produto não estava disponível. Entendo que estamos numa pandemia, mas me senti frustrada”, afirma Cibele Dantas, consumidora paulista de 48 anos.
A ruptura nas lojas se estende agora ao e-commerce. Além do que já se conhece sobre o problema, a dedicação de filiais às entregas do delivery é um capítulo à parte que precisa ser bem escrito desde já.
Necessidade se transforma em estratégia
A loja física como ponto de processamento e entrega pode atuar melhor do que acontece hoje e ser preparada para um mercado que se acelera antes do previsto.
Quem já optou pelo modelo híbrido off e online sabe que muitos pontos devem ser analisados: eventual redução do estacionamento, dependendo da capacidade ociosa; diminuição de seções cujos produtos são mais vendidos pelo e-commerce; possíveis mudanças no layout e na mobília para melhor aproveitamento de espaço; revisão da estrutura e dos processos de armazenagem; estímulos para que algumas linhas de produtos sejam compradas online, etc.
A automação é outra saída que a pandemia empurra para a realidade. Empresas de tecnologia estão movimentando suas soluções entre grandes grupos internacionais. A startup americana Takeoff Technologies é uma delas. A empresa desenvolveu armazéns automatizados que podem ser instalados na parte de trás de uma loja e processar cestas de 60 itens em cinco minutos. Trata-se de uma mercearia vertical com prateleiras empilhadas. Hoje, o sistema custa em média de US$ 3 a US$ 4 milhões. É caro, mas aponta o caminho para um futuro não tão distante.
AUTOMAÇÃO ACELERADA
Na solução da Takeoff Technologies, os produtos são transportados por esteiras, a partir de um sistema que considera peso de cada item e temperatura de perecíveis, e separa os produtos por categoria.
Fonte: S.A. Varejo