Por Toni Sciarretta | Apesar do chamado inverno dos criptoativos, as moedas digitais continuam despertando o interesse como forma de pagamento e de investimentos no Brasil, segundo o estudo “Global Innovation Report” de 2023 da americana FIS (Fidelity National Information Services), de tecnologia para pagamentos.
O estudo, que contou com a participação de executivos C-level, identificou que 27% dos respondentes pedem que criptomoedas sejam aceitas no pagamento de produtos e serviços.
No entanto, a principal aplicação da criptomoeda ainda é o investimento, sendo a resposta de 56% dos entrevistados.
No estudo, mais de 75% dos participantes brasileiros responderam que a maior parte das inovações afetarão seus negócios nos próximos 12 meses. Os respondentes veem as inovações como oportunidade de crescimento de mercado, mas também como possível aumento de custos e de riscos.
A FIS atua em 146 países e conta com mais de 20 mil clientes no mundo, processando mais de 300 métodos de pagamento, num total de US$ 13 trilhões por ano. No Brasil, processa mais de 90 milhões de cartões.
Entre os destaques no Brasil, 75% dos entrevistados afirmaram que investirão no desenvolvimento de produtos do tipo “embedded finance”, de serviços financeiros integrados em seus negócios, dentro de 12 meses. 40% das empresas financeiras que já oferecem esses serviços acreditam que terão aumento nas receitas.
Metaverso e DeFi
No estudo, 92% das empresas de serviços financeiros estão pesquisando oportunidades potenciais no metaverso. Dos entrevistados, 37% acreditam que o metaverso tem apenas um valor pequeno ou limitado hoje. Por outro lado, 83% afirmam que será estrategicamente importante ter presença no metaverso nos próximos três anos. O principal motivo para as empresas de serviços financeiros ingressarem no metaverso é fortalecer sua marca ou reputação.
Mesmo com esse avanço, 21% dos entrevistados não têm interesse hoje em desenvolver qualquer tipo de serviço financeiro envolvendo criptomoedas.
Segundo o vice-presidente de Negócios da FIS, Anderson Lucas, os fatores que contribuem para as empresas hesitarem são a insegurança cibernética, a volatilidade das criptomoedas, incertezas tributárias e falta de transparência regulatória.
“A regulamentação das empresas que lidam com criptomoedas no Brasil, com a aprovação de lei em dezembro de 2022, pode contribuir com a sua massificação a partir de junho, quando a lei entrará em vigor”, disse.
Dos entrevistados, 93% acreditam que o DeFi representa uma grande oportunidade de crescimento. Porém, 53% dizem que suas estruturas de gerenciamento de risco são incompatíveis com a maioria dos ativos digitais.
Hoje, 43% das empresas (financeiras e não-financeiras) têm preocupações com segurança cibernética envolvendo as criptmoedas. 30% das empresas financeiras têm receio em relação à volatilidade dos ativos digitais e 28% têm incertezas ou preocupações relacionadas a tributos. De modo geral, 27% sentem uma desconfiança em relação às criptomoedas.
Fonte: Valor Econômico