Por Redação | O movimento de fusões e aquisições no setor supermercadista deve continuar nos próximos anos. A estimativa é que o mercado cresça em média 3,2% ao ano até 2026, de acordo com projeção realizada pela Redirection International, empresa especializada em assessoria de fusões e aquisições.
“O varejo de um modo geral é muito sensível ao nível de atividade da economia, sobretudo aos indicadores macroeconômicos como a inflação, empregos e consumo das famílias, por exemplo. A nossa modelagem leva em conta todos esses fatores para estimar o crescimento do setor nos próximos anos, esperando que os indicadores que afetam a renda e a confiança do consumidor apresentem uma evolução ao longo deste período”, destaca Vinicius Oliveira, economista e sócio da Redirection International.
No último ano foram abertas 341 novas lojas no país, sendo quase a metade (167) de atacarejos. De acordo com a Redirection, ao contrário de outros países, no Brasil o setor é altamente fragmentado. Enquanto as 10 principais redes brasileiras respondem por 37% do mercado, em países desenvolvidos como o Reino Unido as 5 principais redes respondem por 75% do mercado. Em países emergentes como México e África do Sul, os Top 5 representam 90,8% e 80,6% do segmento, respectivamente.
De acordo com o economista, pelo setor de supermercados ainda ser bastante pulverizado, existe muito espaço para mais consolidação. No comparativo internacional, o Brasil apresenta um grande potencial de aumentar a participação das principais redes e, neste caso, o crescimento inorgânico poderia ser o processo para tal tendência se concretizar.
O levantamento da Redirection aponta ainda que o setor vem aumentando o volume de fusões e aquisições. Em 2021, atingiu o recorde de 18 operações e, no ano passado foram 14. Apesar dessa ligeira queda, o volume de 2022 é 160% maior do que o registrado entre 2018 e 2020, ritmo de deals que deve se manter nos próximos anos, dado o contexto macroeconômico previsto para o segmento.
As transações, segundo a análise, têm sido registradas tanto por grandes empresas que utilizam as aquisições como estratégia de expansão (adquirindo lojas de concorrentes e ampliando a participação no mercado), quanto por médias empresas que buscam o crescimento inorgânico para se manterem competitivas e aumentar a liderança em determinadas regiões geográficas.
Oliveira ressalta ainda que estão sendo verificadas a abertura de capital na Bolsa de Valores e a participação de fundos de investimentos. “O mercado está bastante movimentado e players regionais têm optado pela abertura de capital (IPOs) como forma de angariar recursos para a expansão e crescimento inorgânico, como por exemplo o Grupo Mateus, no Nordeste brasileiro. Também observamos uma crescente atividade de fundos de Private Equity, como o Pátria Investimentos, que realizou mais de quinze aquisições”, destaca o economista.
Segundo dados do Fundamentus, as empresas de capital aberto do segmento apresentaram uma margem líquida de 2,3%, Retorno sobre Capital Investido (ROIC) de 10,2% e são negociadas a um EV/EBTIDA médio de 5,7 vezes.
Entre as transações de M&A realizadas nos últimos meses, o relatório destaca a aquisição, em fevereiro, de três lojas da Santa Catarina Supermercados, no estado de São Paulo, pela rede Supermercados Avenida. A negociação faz parte da estratégia de expansão da empresa e fortalecimento da rede no interior paulista.
A expectativa é que as atividades de M&A acompanhem o crescimento do setor projetado para os próximos anos. “Como principais tendências destacam-se a ampliação do e-commerce, expansão de marcas próprias, investimento em tecnologias, como a gestão inteligente de estoques para atender a um consumidor cada vez mais exigente”, destaca Oliveira.
Fonte: S.A. Varejo