Dos oito ramos do varejo pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas quatro apresentaram crescimento no ano passado pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Os destaques foram os setores de itens básicos, como supermercados e medicamentos.
Conforme divulgado pelo instituto, as vendas do varejo cresceram 2,3% em 2018, na comparação ao ano anterior, o melhor resultado do setor nos últimos cinco anos. O setor segue, desta forma, em processo de recuperação das perdas da crise — as vendas estão 7% abaixo do pico histórico.
Dos destaques positivos, as vendas de supermercados e hipermercados cresceram 3,8% no ano passado, frente ao ano anterior. O setor responde por quase a metade (48%) do varejo acompanhado pela pesquisa e contribuiu com 1,8 ponto percentual para o resultado do setor.
Outra ramo do varejo com crescimento destacado das vendas foi o de artigos farmacêuticos, medicamentos, ortopédicos e de perfumaria, com alta de 5,9%. Neste caso, o setor contribuiu com 0,5 ponto percentual para o desempenho do varejo neste ano.
Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, disse que a recuperação por itens básicos está ligada à recuperação ainda lenta do mercado do mercado de trabalho, pela informalidade. “Essa melhora pela informalidade direciona para itens básicos”, acredita.
Também destacaram-se no ano passado as vendas dos chamados “Outros artigos de uso pessoal e doméstico”, com crescimento de 7,6% na comparação ao ano anterior. São produtos como brinquedos, óculos, cama, mesa e banho, vendidos por grandes lojas de departamento. “Neste caso, são reposição de cama, mesa e banho, panelas”, explicou.
Ela frisou que o crescimento do varejo não foi uniforme ao longo do ano. Ela lembrou que a greve dos caminhoneiros, no fim de maio, afetou o comportamento mês a mês do setor, assim como a alta do câmbio e as incertezas eleitorais.
Desempenhos negativos
Com preços mais caros por conta de reajustes praticados nas refinarias, as vendas de combustíveis recuaram 5% no ano passado, o quarto ano seguido de queda.
O preço da gasolina subiu 7,24% no acumulado de 2018, quase o dobro da inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 3,75%. “Em geral os preços da economia subiram pouco, exceto combustíveis, que foram destoantes”, disse Isabella Nunes.
Outra pressão negativa sobre o desempenho geral do varejo veio das vendas de livros. Com o fechamento de lojas e a recuperação judicial de livrarias, as vendas do setor de livros e papelaria apresentou queda de 14,7% em 2018, o quinto resultado anual negativo consecutivo.
“Aqui não se trata de uma questão de preço, mas de uma mudança estrutural da forma como se comercializa os livros, que estão indo para meios digitais. É uma mudança de hábito de consumo”, afirmou a gerente do IBGE.
Em outubro do ano passado, a Livraria Cultura entrou com pedido de recuperação judicial e fechou uma série de lojas. No mesmo mês, a rede Saraiva anunciou o fechamento de 20 lojas.
Fonte: Valor Econômico