Na pandemia, consumidores e varejo aderem às carteiras digitais, enquanto Banco Central suspende transações por WhatsApp
Pesquisa da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo) registra aumento no uso de apps e carteiras digitais como meios de pagamento. A conclusão derivada da segunda edição da pesquisa, a anterior foi feita em 2018, prevê grande expansão dos pagamentos móveis. Um dos fatores para esse crescimento será o mundo ‘low touch’ imposto pela covid-19. Em meio a esse cenário, o Banco Central anunciou que as transações financeiras por WhatsApp estão suspensas. Segundo a instituição, a nova solução de pagamentos depende de autorização prévia do órgão para ser implementada.
Em nota ao mercado, o Banco Central determinou na terça-feira, 23 de junho, que “Visa e Mastercard suspendam o início das atividades ou cessem imediatamente a utilização do aplicativo WhatsApp para iniciação de pagamentos e transferências no âmbito dos arranjos instituídos por essas entidades supervisionadas”. A decisão valera até a instituição avaliar eventuais riscos que possam ser causados pela solução de pagamento via WhatsApp sobre o funcionamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro.
No mesmo dia, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) impôs medida cautelar para suspender a operação de parceria, no Brasil, entre Facebook, controlador do WhatsApp, e Cielo, joint-venture entre Banco do Brasil e Bradesco responsável pelo processamento financeiro das transferências na nova solução.
MEIOS DIGITAIS EQUIVALEM A 2% DOS PAGAMENTOS DO VAREJO DE MODA
Em dois anos desde a primeira edição do ‘Panorama dos meios de pagamento no varejo brasileiro’, o mercado mudou muito. Em 2018, apenas 4% dos consumidores faziam o chamado pagamento móvel via app ao comprar em lojas físicas. Essa participação subiu para 21% entre abril e início de junho, em meio à pandemia de covid-19. A carteira digital (do tipo PagSeguro, PayPal, Mercado Pago) tem sido empregada pela maioria dos que pagam as contas de forma digital. A pesquisa constatou que esse é o meio preferido de 85% dos consumidores.
O QR Code é a opção apontada por 55% e Aproximação (contactless, usandocelular) aparece em seguida, indicada por 47% dos que usam meios de pagamento móvel. Entre os que não usam, 38% alegam que não sabem como funciona e outros 33% não acham seguro.
Mais lojas físicas também assumiram a modalidade de pagamento móvel. Na primeira edição, 13% declaravam aceitar pagamento por app. Em 2020, 62% incluíram a opção. Mesmo assim, segundo a pesquisa, por enquanto, a modalidade corresponde a apenas 2% dos pagamentos recebidos pelo varejo de segmentos como Moda, ainda que metade das lojas ofereçam a opção. Em 2018, nenhuma delas aceitava esse meio de pagamento.
COMPORTAMENTO NO E-COMMERCE
Conforme a pesquisa, a adesão do consumidor ao pagamento online no e-commerce muda pouco em função do equipamento empregado. Pelo computador, 5% usam, contra 3% há dois anos. Pelo celular, 6% usam, contra 5% em 2018. A modalidade preferida continua sendo o cartão de crédito com valor parcelado.
Para as lojas online, o cenário é estável. Na pesquisa atual, 40% informaram aceitar pagamento online, tipo PagSeguro e PayPal, ante 38% na edição de 2018.
O estudo ainda ressalta que 47% dos consumidores não se interessam pelas criptomoedas. “Já o varejo, que indicava na edição 2018 do estudo a possibilidade de passar a usar criptomoedas, mudou seu foco para outros meios que têm mais chance de serem aceitos pelos clientes”, dia SBVC.
A pesquisa foi realizada em parceria com a OfferWise, reunindo 600 entrevistas realizadas em duas etapas. A primeira cobriu de 02 de abril a 02 de maio. A segunda foi aplicada de 12 de maio a 5 de junho.
Fonte: GBL Jeans