Com investimentos de US$ 300 milhões em TI, logística e e-commerce, supermercadista quer implementar serviço de entregas em até 35 minutos
Por Victoria Ghiraldi
Você já ouviu falar em Cencosud? Provavelmente não. Mas a rede chilena, que opera do varejo alimentício a centros comerciais e serviços financeiros em cinco países da América do Sul, é a quinta maior rede de supermercados do País em faturamento, segundo a Associação Brasileira dos Supermercados (Abras). As receitas somaram, em pesos chilenos, o equivalente a R$ 8,8 bilhões. Ainda distante do líder Carrefour, com seus R$ 74,7 bilhões (pelo ranking Abras), mas a estratégia do grupo é comer pelas beiradas. Tanto que no Brasil o foco ainda está na região Nordeste, com 201 lojas de marcas como Gbarbosa, Bretas, Mercantil Rodrigues, Perini e Prezuni.
A estratégia para ampliar sua atuação está em andamento e envolve investimento de US$ 300 milhões em tecnologia, logística e e-commerce. Um novo aplicativo chamado Spid35 foi desenvolvido pela rede varejista e promete realizar entregas em menos de 35 minutos. O serviço, lançado em janeiro, no Chile, deverá ser estendido até o fim do ano aos demais países de atuação da empresa no continente – além do Brasil, Argentina, Colômbia e Chile.
A aposta na experiência do usuário está totalmente lastreada no que pensa a executiva Heike Paulmann, que preside interinamente a companhia no lugar do pai, o bilionário chileno de origem alemã Horst Paulmann Kemna, fundador do grupo. “Como meu pai nos ensinou, manteremos o foco na cultura da Cencosud que é o cuidado com os clientes”, afirmou em sua carta aos investidores. “Serviço, serviço, serviço”, escreveu. Além do dinheiro para as inovações em tecnologia, a rede vai destinar US$ 740 milhões para a reforma de todas as 1.064 lojas e de oito dos seus 67 shoppings centers. Ao todo, o volume de investimentos somará US$ 12,8 bilhão.
ESTRATÉGIA
São 58 anos no mercado, mas a chegada ao Brasil só aconteceu em 2007, e por meio de uma estratégia comum no varejo: as aquisições. A compra de redes nacionais de pequeno e médio porte garantiu à chilena forte presença em Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e Sergipe. Essa expansão no País deve continuar e, para o especialista em vendas Vinicius Pessin, junto ao investimento em tecnologia, reflete um caminho assertivo, principalmente ao levar em conta a corrida do varejo pela redução dos prazos de entrega. “É impossível você se comprometer a realizar entregas express se o produto não estiver muito próximo do consumidor”, afirmou o especialista. “As lojas físicas ajudam a cumprir essa promessa.” De beirada em beirada, à moda mineira os chilenos querem conquistar o Brasil.
Fonte: IstoÉ Dinheiro