Ciclo das reformas de residências para adaptação ao trabalho remoto e para melhora das moradias pode estar no fim
Por Chiara Quintão
A varejista de materiais de construção C&C mantém sua projeção oficial, traçada em setembro, de que seu faturamento poderá crescer mais de 10%, neste ano, mas já considera que, se necessário, pode ser feito ajuste para baixo na estimativa. Após o faturamento da rede de materiais aumentar 5%, em 2020, houve expansão de 10% no ano passado. Segundo o diretor-geral da rede de lojas de materiais de construção, Marcelo Roffe, foi registrado período de forte crescimento, na comparação anual, entre junho de 2020 e setembro de 2021.
O ciclo das reformas de residências para adaptação ao trabalho remoto e para melhora das moradias está chegando ao fim, na avaliação do executivo. A partir de meados do ano, deve ter início ciclo de reformas de acabamentos, em decorrência de grande volume de prédios que devem ser concluídos. “O ideal é que um ciclo se sobrepusesse ao outro, mas deve haver uma lacuna”, disse Roffe ao Valor.
Para ocupar os imóveis residenciais novos, ressalta o diretor-geral da C&C, os consumidores fazem investimentos em piso, pintura, louças e metais sanitários. Essa personalização dos apartamentos tende a incrementar a demanda por materiais de construção. Por outro lado, reformas para melhoria dos imóveis voltaram a concorrer com opções de lazer, viagens e vestuário. “E a inflação corrói o poder de compra das pessoas”, acrescenta o executivo.
No entendimento de Roffe, a inflação de custos de insumos tende a se acomodar, neste ano, com diminuição da velocidade de altas de preços, após “dois anos de muitos aumentos”. O executivo conta que o relacionamento da rede varejista com fornecedores possibilitou que algumas elevações de preços fossem postergadas e os problemas de abastecimento, reduzidos.
Questionado se, diante das altas de juros e inflação, compradores de materiais de construção têm migrado para produtos mais baratos, o executivo disse que, dificilmente, isso ocorre entre os clientes da rede. Se necessário, o início da reforma é postergado. Com foco na classe B, a C&C tem 35 lojas, distribuídas nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, e uma no Espírito Santo. Os pontos de venda são abastecidos por um centro de distribuição (CD) localizado em território paulista e outro em terras fluminenses. Cada CD atende ao raio de até 400 quilômetros.
O comércio eletrônico é o principal canal de vendas da C&C. Mas o executivo diz que há vendas no formato híbrido em que o cliente vai até uma loja física para avaliar o produto, mas realiza a compra pela internet. Outras vezes o comprador tem o primeiro acesso ao produto virtualmente, e opta por fechar a aquisição em uma loja física.
Roffe avalia que não há risco de novo fechamento de lojas de materiais de construção em decorrência do aumento dos casos de covid-19. Após um período com as portas fechadas, o segmento passou a ser considerado atividade essencial e pode reabrir suas portas. “O nível de vacinação está bem melhor no momento. Não há mais espaço para fechamento das lojas”, diz.
A C&C faz parte da área não financeira do conglomerado Alfa, dono também do Banco Alfa, da Agropalma, da La Basque e do Hotel Transamérica São Paulo.
Fonte: Valor Econômico