O grupo francês tem reforçado ao mercado em “lives” e contatos com analistas alguns aspectos da transação de compra do Big
Por Adriana Mattos
O Grupo Carrefour tem reforçado ao mercado em “lives” e contatos com analistas alguns aspectos da transação de compra do Big, e entre os pontos de destaque estão os planos com o Sam’s Club e com o braço de supermercados — este último recebeu menos atenção do mercado após o comunicado da transação na semana passada, pela menor relevância na operação.
O Sam’s Club é uma marca do Walmart no mundo e que faz parte do portfólio de operações do Big, que paga royalties de 0,7% sobre as vendas pela exploração do seu nome, segundo dados de 2019.
O Carrefour projeta chegar a um número de 92 a 122 lojas de Sam’s Club no país, após a fase de aberturas mais aceleradas de unidades, com previsão de 60 a 90 novos pontos de venda — atualmente são 32 lojas do clube de compras, mais voltado para a classe A e B. Esse número é mencionado numa apresentação enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre o negócio.
Com isso, a base atual de pontos seria multiplicada por três a quatro vezes, disse o comando a analistas nos últimos dias. O Carrefour não tem mencionado prazos para essas aberturas. O Sam’s responde por 21% da receita anual do Big, de cerca de R$ 25 bilhões, e opera no lucro.
Paralelo a isso, em outro modelo, o de supermercados, podem avançar acordos comerciais com redes regionais. O Carrefour deve replicar no país um formato que criou com a rede Super Nosso, de Minas Gerais, anunciado em 2019.
Lá, o Super Nosso começou a operar as 16 lojas do “Carrefour Bairro”, que trocaram de nome, inclusive. Isso porque o grupo entendeu que a rede local era mais eficiente na gestão do que a companhia. O formato de supermercados não é prioridade na empresa já há anos, na avaliação de consultores — no mundo, o grupo opera o formato de hipermercados, que ajudou a desenvolver em vários locais.
A empresa não dá detalhes do acordo comercial, a respeito das condições de pagamento, junto ao Super Novo. São cerca de 50 supermercados do Carrefour no país — esse número já chegou a 200 no passado.
Se replicar essas parcerias em outras regiões, o Carrefour pode usar a estrutura de logística do Big para abastecer essas redes regionais, parceiras da empresa.
Com o a conclusão do acordo com o Big, o Carrefour recebe 99 supermercados das marcas Nacional e Super Bompreço. Como já relatado ao anunciar a compra do Big na semana passada, as duas bandeiras serão mantidas devido à sua presença local (Nacional no Sul e Bompreço no Nordeste), com elementos da marca Carrefour.
Participação de mercado e Cade
Nos próximos meses, o Cade, órgão antitruste, deve avançar na avaliação da transação de compra do Big, e a análise envolverá a fatia de mercado dos grupos.
Considerando apenas a venda anual do varejo de alimentos, pelos dados da Abras, a associação de supermercados e hipermercados, o Carrefour teria cerca de 24% do setor — R$ 100 bilhões de receita bruta considerando venda total de quase R$ 400 bilhões do mercado em 2020. Ao se analisar outros segmentos do varejo em que o Carrefour também atua, consultores acreditam que a fatia é menor.
Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail, com base em dados de vendas do comércio pelo IBGE, estima que o Carrefour tenha participação de mercado de 15% a 16% de um comércio que movimenta de R$ 650 bilhões ao ano. Inclui combustível, drogarias, e outras área em que a empresa opera, e tira construção civil, por exemplo.
O GPA tem cerca de R$ 31 bilhões em vendas anuais no Brasil (sem considerar operações internacionais), equivalente a quase 8% do faturamento total pela Abras, e menos de 5%, pelos cálculos da Varese.
Fonte: Valor Econômico