As indústrias brasileiras de calçados investem neste ano na abertura de lojas de marca própria, por sistema de franquia, para ampliar receita e rentabilidade. Empresas que investem em lojas de franquia, como a Usaflex e a Calçados Bibi, estimam crescimento de receita de até 14% neste ano.
A Associação Brasileira dos Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac) estima para o varejo de calçados um crescimento real de 3% neste ano, ante 2017, movimentando R$ 54 bilhões. Em volume, a previsão é de vendas de 950 milhões de pares, com incremento de 1,7% sobre o ano passado. Para a produção, Heitor Klein, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), disse esperar um desempenho do setor pelo menos igual ao de 2017, quando a produção cresceu 3% e somou 980 milhões de pares.
A gaúcha Usaflex, controlada pela gestora de fundos de investimento Axxon Group, prevê para 2018 um crescimento de 23% em receita, para R$ 403 milhões. Em 2017, a companhia cresceu 14% em receita, para R$ 328 milhões. No ano passado, a Usaflex abriu 92 lojas de franquia em 2017, chegando a 118 unidades. A previsão para este ano é abrir mais 65 unidades de franquia.
“Com a franquia, estamos atingindo um público mais jovem, que gosta de ir à loja, tocar e experimentar o produto livremente, sem vendedor por perto”, afirmou Marcelo Cavalheiro, diretor de operações da Usaflex. Segundo o executivo, as lojas tradicionais de calçados ainda não se adaptaram e esse novo consumidor. “Nossas franquias deixam o consumidor mais livre e as vendas nas lojas são dez vezes maiores do que nas lojas multimarcas”, acrescentou. A Usaflex informou que as vendas em lojas de franquia representaram 20% da receita anual da empresa em 2017 e, em 2018, devem chegar a 34% da receita total.
A também gaúcha Calçados Bibi espera para este ano um crescimento em receita entre 10% e 12%, sendo que a receita com a rede de franquias deve aumentar 25% em relação a 2017. A companhia abriu 18 lojas de franquia no ano passado, chegando a 105 unidades no total. Para 2018, a meta é abrir mais 25 lojas.
“Esta é uma das ações da companhia para fazer crescer as vendas neste ano. Em relação ao cenário do setor, a perspectiva é de um crescimento mais baixo, acompanhando o Produto Interno Bruto”, afirmou Marlin Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi. Segundo o executivo, as 105 lojas de franquia já vendem um volume igual às vendas das 3 mil lojas multimarcas onde a marca está presente.
Marcone Tavares, presidente da Ablac, disse que a abertura de lojas próprias é uma tendência crescente no mercado de calçados. As companhias abertas Alpargatas, Grendene e Arezzo, que tradicionalmente registram desempenhos acima da média do mercado, também operam suas próprias redes de franquia. A Arezzo, que possui 560 lojas, abriu 50 unidades em 2017 e prevê abrir entre 55 e 60 lojas em 2018, incluindo franquias da Fiever. A Grendene e a Alpargatas não divulgaram previsão de abertura de lojas para o ano.
A Vulcabras Azaleia é a única entre as companhias abertas que prefere manter sua operação concentrada na indústria. Pedro Bartelle, presidente da companhia, disse que “vê o ano de 2018 com otimismo” e espera um “bom resultado”, com o avanço das vendas de calçados esportivos e a reestruturação do negócio de calçados femininos com a marca Azaleia. Nos nove primeiros meses de 2017, as vendas da companhia avançaram 15% em receita, para R$ 948,4 milhões.
Fonte: Valor Econômico