Em recente passagem pelo Brasil, o presidente da indústria de café italiana Illycaffè, Andrea Illy, disse que o segmento de cafés especiais é o único que vem registrando crescimento mundial de demanda. “A categoria tem crescido em torno de 10% ao ano.” Na última semana, o empresário esteve no País para seminário na USP e entrega de prêmio de sua empresa aos seus melhores produtores brasileiros fornecedores de café.
De acordo com Andrea, são os cafés diferenciados ou “gourmet” como ele disse preferir chamar, que vem possibilitando o incremento de consumo da bebida na Ásia, especialmente China, bem como no Oriente Médio.
Entre outras tendências citadas pelo empresário em sua visita ao Brasil, Andrea destacou, por exemplo, o impacto que as mudanças climáticas trarão para o setor. Segundo Andrea, devido ao aquecimento global, o Brasil deverá perder áreas aptas ao cultivo de café, o que forçará o País a ter que investir em Ciência & Inovação, a fim de contornar o problema e se manter como um grande player global na cafeicultura.
A consolidação da indústria de café foi outra tendência apontada pelo empresário, que citou como exemplo recente aquisição de centenas de milhões de dólares feita no setor pelo grupo alemão Jb Kaffee.
Andrea ressaltou que 50% do blend da Illycaffè são provenientes do Brasil. A empresa tem cerca de 600 fornecedores no País e mantém contratos de longo prazo em que chega a pagar 30% de ágio sobre os preços do café cotados em bolsa. “A constância da oferta de café de qualidade no Brasil melhorou muito. Se há cerca de vinte anos tínhamos em torno de 10% das amostras aprovadas, agora este percentual chega a 70%.”
A despeito desta evolução qualitativa da cafeicultura brasileira, o empresário praticamente descartou passar a industrializar o café em terras tupiniquins. De acordo com Andrea, beneficiar café no Brasil não seria vantajoso economicamente por uma série de motivos, começando pelo fato de que seria praticamente impossível importar café verde. O famigerado “Custo Brasil” seria outro empecilho, além do que o projeto de uma fábrica teria que contemplar todo o portfólio da Illycaffè, o que tornaria o custo proibitivo.
Segundo o empresário, comprar o café em grão brasileiro, industrializar na Itália e trazê-lo de volta já beneficiado sai mais barato. “Ademais, o selo ´made in Italy’ valoriza o preço.”
Fonte: Infomoney