Delivery dobrou a participação nas vendas na pandemia, para 15%, e tendência é manter esse patamar, diz CEO
Por Juliana Schincariol
A rede de lanchonetes Bob’s espera retomar os patamares pré-pandemia de vendas este ano, enquanto o ritmo de abertura de novas lojas deve voltar a partir de 2022. Para 2021, a expectativa é faturar R$ 1,2 bilhão, segundo o diretor-geral da empresa, Antonio Detsi. Os serviços de delivery dobraram sua participação nas vendas para 15%, uma fatia que deve permanecer na visão do executivo.
Assim como em todo o setor de alimentação, as incertezas sobre o coronavírus e o abre e fecha de shoppings e restaurantes afetaram a rede. No pico da pandemia, o recuo das vendas foi até de 50%, segundo Detsi. Em novembro as vendas pararam de cair, mas houve novo arrefecimento em dezembro e a segunda onda da covid no Brasil entre março e abril tornou a situação aguda mais uma vez.
“Este ano, na segunda quinzena de maio voltamos a um clima de otimismo e confiança. A partir da primeira quinzena de junho já tivemos crescimento com relação a 2019. Confirmamos a recuperação no primeiro semestre e daqui por diante não vemos mais efeitos (negativos da pandemia)”, afirmou.
“O dia dos namorados de 2021 foi espetacular. Há uma demanda reprimida. As pessoas querem voltar ao lazer”, acrescentou. Segundo ele, o faturamento em alguns Estados do Brasil cresce desde março, caso da região Norte.
Em fevereiro de 2020, o executivo esteve em uma feira de negócios na Alemanha, onde percebeu uma participação menor do que os anos anteriores, especialmente de asiáticos, que costumam comparecer massivamente. “Ao voltar, decidimos olhar para o caixa e fazer um reforço para ajudar o franqueado e ainda estamos ajudando”, disse Detsi.
O negócio do Bob’s é sustentável, garante o diretor. “Não fizemos demissões, mas revimos uma série de questões. Se eu tive que abdicar de receita, eu tinha que rever meu G&A [sigla em inglês para custos e despesas administrativas]. Ficamos cinco meses sem receber nada dos franqueados, suspendemos qualquer cobrança. Até hoje seguimos recebendo valores muito menores.”
Em 2020 a empresa passou por revisão de gastos, mudou de escritório, renegociou contratos e reviu a estrutura dos restaurantes, incluindo os serviços terceirizados. Para Detsi, o faturamento de 2020, de R$ 930 milhões, foi razoável, considerando as circunstâncias.
Com a melhora da situação, o diretor do Bob’s diz que a empresa voltou a ter procura de interessados em abrir franquias. O grupo, no entanto, não deve atingir a meta de totalizar 1.650 pontos em 2023, que havia sido traçada antes crise sanitária. Agora, espera alcançar 1.300 unidades até 2022, quando volta ao ritmo de 130 inaugurações por ano. Este ano serão 70 novos pontos. Em 2020, entre inaugurações e fechamento de lojas, o saldo ficou positivo em 5 unidades.
A partir dessa retomada, a empresa está reajustando o modelo de negócios e revendo o projeto de loja. Em Campinas (SP), a rede inaugurou uma unidade feita para ser uma plataforma de delivery. Além do tradicional “drive thru”, há uma pista para retirada de pedidos, que são colocados em um “locker digital” – trata-se de um armário que é aberto por um leitor digital (QR code) no aplicativo do Bob’s. E os estacionamentos terão locais dedicados ao consumo no interior do carro.
Antes da pandemia, historicamente, o delivery representava de 7% a 8% das vendas. No auge da crise, essa fatia chegou a ser 70% e em alguns casos, 100%.
No pós-pandemia, todo o setor trabalha com uma parcela de 15%, dobrando a representatividade do canal. “É uma nova realidade e seguiremos investindo”. O valor médio gasto por pessoa em uma lanchonete do Bob’s fica em torno de R$ 28 e R$ 29. No delivery, o valor dos pedidos é mais alto, entre R$ 50 e R$ 70, já que geralmente são para a família toda. Outro projeto que foi acelerado pela pandemia foi a venda de insumos para clientes prepararem os lanches em casa, que foi lançado no fim do ano passado e já representa 15% das entregas.
Fonte: Valor Econômico