Por Adriana Mattos | Dados mais atualizados publicados neste sábado (25) sobre o desempenho da Black Friday 2023, a data mais importante para o varejo on-line nacional, confirmam o desempenho ruim em vendas neste ano. As projeções mais otimistas de associações e empresas de pesquisa, e não alcançadas, estimavam alta de 4% a 17%.
No período de quinta-feira (23), às 00h, até esta sexta-feira (24), às 23h59, o comércio eletrônico registrou cerca de R$ 3,4 bilhões em vendas, recuo de 15,1% sobre 2022, ano em que a receita já havia caído dois dígitos.
As informações são da plataforma Hora a Hora, da Confi.Neotrust, empresa de inteligência de dados, em parceria com a ClearSale.
Não é a maior retração de faturamento do evento, que ocorre no Brasil há 13 anos — em 2022 a queda variou de 23% a 34% no on-line, a depender da pesquisa — mas trata-se se uma diminuição em 2023 em cima já de uma queda, reduzindo mais o tamanho do bolo total de vendas do segmento. É o segundo pior resultado desde o início do evento promocional, em 2010.
Os números não consideram as vendas em lojas físicas, que há alguns anos também foram incluídas nas ações das empresas. Varejistas destacavam aumento de conversões de fluxo de consumidores em vendas ontem (24), em lojas de eletrônicos e moda.
Descontos abaixo do esperado
Renda da população ainda comprometida com dívidas e descontos abaixo do esperado pelos consumidores — reflexo de um estoque mais ajustado nas lojas ao longo do ano — podem ter afetado o desempenho.
Há alguns anos, as promoções têm sido limitadas a menor número de produtos na Black Friday, como forma de o varejo proteger rentabilidade e reduzir custo de capital, após a alta da taxa Selic que encarece estoques parados.
A receita foi afetada por uma redução no volume de pedidos, que atingiu 5,1 milhões, 14,9% menor que o mesmo período do ano passado. Além disso, o tíquete médio gasto, que mostrava reação até a quinta-feira, perdeu força.
O gasto médio por compra na data atingiu R$ 675,36, com uma estabilidade sobre 2022 ( 0,1% menor do que em 2022).
Mercado Livre e Magalu crescem
Apesar da queda, grandes cadeias líderes de venda devem ganhar mercado pelo desempenho melhor que a média. Mercado Livre e Magazine Luiza cresceram sobre 2022. Especialistas afirmam que o recuo pode ter afetado, especialmente, varejistas digitais de menor porte e segmentos mais dependentes de crédito.
“Observamos uma Black Friday mais tímida em comparação ao ano anterior, analisando principalmente o faturamento e o volume de pedidos já que ambos apresentaram queda”, disse em nota Matheus Manssur, superintendente comercial da ClearSale.
Golpistas também foram afetados
Segundo Manssur, esses indicadores também influenciaram diretamente na diminuição das tentativas de fraudes de golpistas na internet.
Sobre esse indicador, no período houve 18,6 mil tentativas de ações fraudulentas, representando em valores aproximadamente R$ 26,6 milhões, redução de 56,4% na comparação com o ano anterior. O ticket médio das tentativas foi de R$ 1.439,47.
Entre quinta e sexta, as categorias mais impactadas pelas ações dos golpistas foram:
- Ferramentas (2,7%),
- Passagens aéreas (2,5%)
- Brinquedos (2%).
Ainda segundo o levantamento da plataforma Hora a Hora, os produtos mais vendidos no período foram:
- Eletrodomésticos (20,8% do total comercializado);,
- Eletrônicos (15,1%);
- Telefonia (11,9%).
Já os meios de pagamento mais utilizados no e-commerce foram:
- Cartão de crédito (56,5%);
- Pagamentos via PIX (30,3%);
- Boleto bancário (8,2%);
- E-wallet, cashback, débito e vales (5%).
Fonte: Valor Econômico