Instrumento de pagamento instantâneo era aceito por 16,9% das lojas analisadas em janeiro de 2021, percentual que subiu para 55,9% em dezembro
Por Mariana Ribeiro
A aceitação do Pix como meio de pagamento no e-commerce brasileiro mais que triplicou em 2021. De acordo com estudo da consultoria Gmattos, o instrumento de pagamento instantâneo era aceito por 16,9% das lojas analisadas em janeiro de 2021, percentual que subiu para 55,9% em dezembro. A tendência é que a alta continue neste ano, observa a consultoria.
O desempenho registrado ao longo do ano consolidou o Pix, lançado em novembro de 2020 pelo Banco Central (BC), na terceira posição do ranking das formas de pagamento utilizadas no comércio eletrônico no país. Ficou atrás de cartão de crédito (aceito em 98,3% das lojas) e boleto (aceito em 74,6%). O estudo analisou 59 lojas online, que juntas representam 85% do comércio eletrônico do país.
A pesquisa mostra que houve uma ligeira queda na aceitação do Pix de novembro para dezembro. No penúltimo mês de 2021, a aceitação havia chegado ao pico de 59,3%. Para o cofundador e CEO da Gmattos, Gastão Mattos, no entanto, a oscilação não compromete as perspectivas favoráveis para a modalidade em 2022.
“Acredito que se trata de um ajuste de integração”, afirma o especialista em nota, acrescentando que o primeiro ano do Pix serviu de aprendizado para muitas lojas e que algumas delas adotaram uma abordagem simplificada para integrar o novo meio de pagamento e podem ter observado índices de conversão abaixo do esperado. “Estimo que, já neste início de 2022, haverá uma retomada no crescimento da aceitação do Pix, desta vez de forma mais madura, com integrações mais completas”, avalia.
A adesão expressiva dos consumidores à ferramenta de pagamento instantâneo foi um apelo para sua aceitação pelos lojistas, diz Mattos. Segundo dados do BC, quase 110 milhões de pessoas já utilizaram o Pix. Mas há outros fatores que explicam esse movimento, como a alta conversão de carrinho (de 60% a 90%) atingida por essa forma de pagamento, acrescenta o especialista. Segundo ele, os próprios lojistas passaram a estimular o uso do Pix no segundo semestre, a partir de vantagens como descontos e frete grátis.
Em relação ao boleto, Mattos avalia que, embora seja um meio até “arcaico” de se realizar pagamentos, as lojas continuam a oferecer a alternativa “entendendo que parte das pessoas não teria outra opção de pagamento, caso dos não bancarizados ou clientes sem cartão de crédito ou limite para comprar”. Os dados indicam que metade dos boletos no e-commerce não são pagos por desistência do consumidor.
Ele acredita que mesmo com a ascensão do Pix, a segunda posição do boleto entre os meios de pagamento mais aceitos pelo comércio eletrônico não deve ser ameaçada em 2022. No caso do cartão de crédito, funcionalidade como o parcelamento “sem juros” e a pontuação em programas de milhagem incentivam o consumidor a utilizar a modalidade.
Até o momento, quem mais perdeu espaço no e-commerce com a chegada do Pix foi o débito, cuja aceitação caiu de 37,3% no início de 2021 para 30,5% em dezembro. As wallets (carteiras digitais) mantiveram estabilidade em sua aceitação ao longo do ano, no patamar de 50%. Entre as vantagens dessa opção, diz a consultoria, estão a usabilidade para o comprador e melhor gestão de risco para o vendedor.
Fonte: Valor Econômico