Por Rachel Gamarski | A Zamp pretende expandir a presença da Starbucks no país para 1.000 lojas — um aumento de oito vezes em relação às 128 atuais unidades.
A empresa brasileira de operação de redes de fast food, que tem o Mubadala Capital como o principal acionista, prevê que a expansão agressiva comece em cerca de dois anos, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto ouvida pela Bloomberg News, que pediu para não ser identificada ao discutir informações privadas.
Embora o cronograma para o negócio recentemente adquirido ainda não esteja definido, a empresa o vê como uma meta de médio prazo, disse a fonte.
A estratégia tem foco em grandes cidades e seus aeroportos, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo, onde se prevê uma demanda robusta, e a empresa está de olho em lojas de diferentes tamanhos.
Um porta-voz da Starbucks disse que a empresa aguarda o resultado dos processos judiciais no Brasil após o operador anterior ter entrado com pedido de recuperação judicial e acrescentou que a rede de café continua em conversações com a Zamp para operar no mercado do país.
A Zamp, que também opera os restaurantes Popeyes e Burger King no Brasil, concordou em comprar os direitos da Starbucks da SouthRock Capital por R$ 120 milhões em junho, depois que a operadora perdeu sua licença com a Starbucks em meio ao processo de recuperação judicial. O Cade aprovou a compra da operação da Starbucks no país pela Zamp no fim de julho.
A SouthRock fechou quase um terço de suas lojas Starbucks antes de sair do negócio, sob argumento de que suas operações foram prejudicadas por inflação e taxas de juros elevados decorrentes da pandemia.
As ações da Zamp acumulam queda acima de 40% em 2024. Os planos da Zamp aumentariam uma presença da Starbucks que ainda é relativamente pequena no país.
A Starbucks (SBUX), que trabalha com operadoras terceirizadas na América Latina, na Europa e em algumas outras regiões, informou ter 128 lojas licenciadas no Brasil em seu trimestre mais recente, em comparação com 850 no México, 609 na Indonésia e 1.937 na Coreia do Sul.
A Mubadala Capital, que é uma unidade do fundo soberano de Abu Dhabi, assumiu o controle da Zamp em fevereiro. Desde então, a Zamp agiu agressivamente para adquirir franquias alimentares internacionais populares na maior economia da América Latina.
No início desta semana, assinou acordo para operar a marca Subway no Brasil. A companhia busca mais oportunidades de aquisição de fast food na região, segundo a pessoa.
As ações da Zamp caíram cerca de 27% desde que Mubadala assumiu o controle da empresa no final de fevereiro, em parte devido às preocupações dos investidores relacionadas à sua saída do segmento do Novo Mercado da bolsa de valores de São Paulo, a B3.
As empresas que negociam no segmento do Novo Mercado têm requisitos de divulgação e governança mais rigorosos. O CEO e cofundador da Zamp, Ariel Grunkraut, saiu no fim de junho.
A empresa pretende crescer agressivamente após um investimento de cerca de US$ 200 milhões no início deste ano da Affinity Partners – a empresa de private equity fundada por Jared Kushner. Parte do financiamento é destinada à expansão da Zamp.
A Zamp não respondeu a um pedido de comentário da Bloomberg News. A Starbucks disse que não tem comentário a fazer sobre suas conversas com a Zamp.
A rede americana de lojas de café disse que pretende expandir sua presença global de lojas para 55.000 unidades, em comparação com quase 40.000 hoje.
No entanto as operações da empresa estão em mudança após a nomeação surpreendente no mês passado de Brian Niccol como CEO e a saída abrupta de seu antecessor após dois trimestres de queda nas vendas.
Niccol, que ganhou destaque ao executar uma reviravolta para a rede de burritos Chipotle Mexican Grill, chegou à Starbucks na semana passada e começou a delinear sua estratégia e a fazer mudanças na gestão.
– Matéria atualizada às 11h40 de quarta-feira (18) com o posicionamento da Starbucks.
Fonte: Bloomberg Linea