Como o Grupo Zaffari consegue crescer menos que seus concorrentes e, mesmo assim, ser a quinta maior rede varejista de alimentos do País
O executivo Claudio Luiz Zaffari tem um hábito pouco convencional para um especialista em varejo: não frequenta supermercados. “Sempre que entro em um, fico observando se tudo está dentro dos padrões, como prateleiras arrumadas, ou se faltam produtos”, diz ele. “Para não comprometer as compras de casa, prefiro deixar a tarefa para minha esposa.” Aos 61 anos, ele vive há 45 anos o dia a dia do grupo Zaffari, quinta maior rede varejista de alimentos do Brasil. Sobrinho dos fundadores Francisco José e Santina Zaffari, que começaram com um armazém de secos e molhados de Erechim, no interior do Rio Grande do Sul, na década de 1930, Claudio Luiz é o único representante da família que recebe holofotes.
Seus primos, João Benjamin, Claudio (homônimo), Ivo José e Airton, que dividem a presidência, preferem o anonimato. Cabe a Claudio Luiz, diretor geral há 15 anos, detalhar os planos de negócios da empresa, que vai superar os R$ 5 bilhões em receita neste ano. Na semana passada, o Zaffari abriu sua segunda unidade em São Paulo, no centro comercial Morumbi Town, na zona sul da capital – o empreendimento só deve entrar em operação total em novembro –, um investimento de R$ 35 milhões. A primeira loja, que fica dentro do shopping Bourbon (também pertencente à família), no bairro da Pompéia, foi inaugurada em 2008. “Nosso objetivo é proporcionar uma nova experiência, com produtos diferenciados”, diz Claudio Luiz. “Como a cidade é muito competitiva, precisamos ir com calma.”
Com 32 lojas no Rio Grande do Sul e duas em São Paulo, o Zaffari tenta brecar o avanço de seus principais concorrentes na venda de produtos diferenciados no mercado paulistano: o St. Marche e o Eataly. A aposta do grupo é a proximidade geográfica com países como Argentina e Uruguai, que possibilita um sortimento específico, como itens para churrasco e vinhos. “O Zaffari representa uma experiência de compra, então, é natural que o processo para se estabelecer em São Paulo seja lento”, diz Silvio Laban, coordenador do MBA do Insper. “Porém, eles entram com o diferencial de sortimentos regionais.”
Além dos supermercados, o ramo imobiliário é a outra paixão dos Zaffari. Foi assim com a primeira loja em São Paulo, que fica num terreno da família Matarazzo. No ano passado, eles adquiriram em leilão o estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas, do time de futebol Guarani, por R$ 105 milhões. Mas a repercussão negativa da compra assustou os Zaffari, que cogitam construir um novo estádio para o clube do interior paulista. Esse, porém, não é o maior problema para eles, que se incomodam mais com os holofotes sobre o nome da família. A ordem é crescer, sem pressa nem aparecer.