Avaliação é que o setor avança lentamente em práticas ligadas ao social, meio ambiente e diversidade
À medida que o varejo farmacêutico evolui para o novo normal e os consumidores redobram a atenção à saúde e ao bem-estar, uma sigla de três letras ganha cada vez mais relevância. Trata-se do ESG (Environmental, social and corporate governance), princípio que norteia as condutas sustentáveis das empresas. Como o setor está abraçando esse conceito? Uma análise da XP Investimentos traz algumas revelações.
O estudo avaliou três redes de farmácias que estão no mercado de ações: Raia Drogasil, Farmácias Pague Menos e d1000 varejo farma. “Nossa avaliação atesta que o varejo avança muito lentamente em práticas ligadas ao social e ao meio ambiente, mas ainda tem muito a percorrer em temas como governança e estímulo à diversidade”, comenta Marcella Ungaretti, analista de ESG da XP.
Raia Drogasil
Segundo a consultoria, a Raia Drogasil vem sobressaindo frente à concorrência em razão dos esforços para mensurar e reduzir as emissões de carbono, engajando tanto as lojas como os centros de distribuição. A cultura de doações também foi bem avaliada, por meio de iniciativas como o programa Troco Solidário.
Outro aspecto favorável está relacionado ao aumento nas vendas omnicanal. “Os downloads mensais do aplicativo da rede passaram de 1,4 milhão para 2,2 milhões logo no início da pandemia. Mas embora seja um sinal positivo, pode também ampliar a exposição da empresa a riscos associados à segurança de dados”, adverte.
No que se refere à governança, apesar de manter um comitê estruturado para iniciativas de ESG, a Raia Drogasil carece de uma maioria independente no conselho de administração – apenas três dos nove membros. Além disso, apenas uma mulher integra o conselho num univeros onde “o público feminino totaliza 63% da força de trabalho da rede, com maioria em cargos de liderança nos PDVs”, complementa.
Farmácias Pague Menos
A rede chama a atenção pela diversidade de gênero. A empresa é uma das 14 companhias brasileiras listadas em Bolsa que tem uma mulher na presidência do conselho de administração. O compromisso ambiental é outra vertente positiva, que ganhou evidência após a adaptação de sua matriz energética para fontes limpas, com a utilização de energia fotovoltaica para o funcionamento das lojas.
“No entanto, a empresa precisa aprimorar a transparência aos investidores na divulgação das métricas ESG e o conselho ainda não tem maioria independente. Mas a inserção de executivos da General Atlantic dá mostra de que a rede está comprometida em avançar na qualidade de sua governança”, observa.
d1000 varejo farma
Os projetos do Instituto Profarma de Responsabilidade Social e a parceria exclusiva com a UNICEF, que contempla a Drogaria Rosário, a Drogarias Tamoio e a Drogasmil, mereceram elogios da XP. Mas na área ambiental, faltam iniciativas para minimizar a pegada de carbono.
Entretanto, é na governança que surgem mais preocupações. Após o IPO efetivado em agosto, a Profarma reduziu de 100% para 53% sua participação na rede varejista. Mas ao mesmo tempo que detém o controle acionário, a holding atua como principal fornecedora da d1000 por meio de sua distribuidora homônima, o que pode alimentar conflitos de interesse.
“A administração da d1000 estabeleceu um Comitê de Partes Relacionadas independente de três pessoas, cuja função é garantir que todos os contratos sigam as condições normais de mercado, o que vemos com bons olhos, pois acreditamos que a rede terá acesso a termos comerciais similares aos dos demais concorrentes”, pontua Marcella.
Fonte: Panorama Farmacêutico