A Wish, empresa americana de comércio eletrônico, está testando um novo modelo de logística para o mercado brasileiro para diminuir o tempo de entrega no Brasil. A companhia criou o Wish Post, iniciativa que consolida os pedidos em armazéns na China, Europa e América do Norte antes de enviar os pacotes para os consumidores.
Os testes desse novo serviço estão começando pelo Brasil, o segundo maior país para a plataforma em número de usuários, atrás dos Estados Unidos, segundo reportagem da Exame.
A Wish é conhecida por oferecer produtos de moda, eletrônicos e para casa a preços baixos. Em 2019, a Wish atingiu 119 milhões de usuários ativos mensais e vende mais de um bilhão de produtos por ano. Atualmente, cerca de 85% dos vendedores na plataforma são asiáticos.
O marketplace vende itens de mais de 1 milhão de vendedores diferentes e, para deixar a operação mais leve e barata, o próprio vendedor envia seus pedidos para o consumidor, mas a falta de uma estrutura logística mais robusta causa outros problemas. Até então, ao comprar itens de diferentes lojistas, o consumidor recebia pacotes individuais, pagava o valor do frete de cada encomenda e, no caso do Brasil, uma taxa aos Correios.
Programa local
Agora, esses pedidos são consolidados pela Wish e a taxa dos Correios já é incorporada ao preço do frete, por meio de uma parceria entre a empresa e a estatal brasileira. Com a operação, o tempo de entrega, em média de 35 a 60 dias, deve cair de 25 a 40 dias.
O Brasil também será o primeiro país a testar um programa local da Wish para incorporar lojistas brasileiros em sua plataforma. A ideia é tanto vender diretamente brasileiros – e reduzir ainda mais o custo e o tempo de entrega – quanto exportar para outros países.
No futuro, a ideia é usar as lojas parceiras para retirada das compras em loja, como as varejistas brasileiras já fazem, e permitir até pagamento em dinheiro para quem não tem acesso a cartão de crédito internacional ou a uma conta bancária.
Tempo e custo
Ainda segundo a publicação, para Nicola Azevedo, diretor da Wish para as Américas, eliminar os intermediários, como transportadoras, estoques ou empresas de centros de distribuição, reduz o custo da operação e dos produtos. Com preços mais baixos, a Wish espera ser um comércio eletrônico mais acessível e alcançar a população que hoje não compra pela internet.
O custo é um grande atrativo para a empresa. Para conquistar clientes, a Wish chegou a oferecer itens apenas pelo custo de entrega e investiu fortemente em anúncios nas redes sociais. As despesas de marketing, porém, eram muito altas e, muitas vezes, os consumidores não voltavam a comprar na plataforma.
Azevedo acredita que a demora na entrega pode ser um dos motivos para a menor recorrência de compra do consumidor brasileiro, principalmente em um momento em que empresas locais, como as brasileiras Magazine Luiza, Via Varejo e B2W investem para reduzir o tempo de entrega e oferecer alternativas como retirada em loja.
O tempo de entrega não deve se igualar ao de concorrentes como a Amazon, com entregas que podem chegar em até duas horas para assinantes Prime. Para o executivo, a Wish busca ser mais acessível e seus consumidores não aceitariam pagar o preço da assinatura.
Não é chinesa
A Wish foi criada em 2010 pelo polonês Peter Szulczewski, em San Francisco, nos Estados Unidos. A empresa tem 700 funcionários em escritórios espalhados em São Francisco e Seattle, nos Estados Unidos, Toronto no Canadá e na China. Ela possui centros de distribuição na Europa, na Ásia e na América do Norte.
Em agosto do ano passado, a Wish recebeu cerca de 300 milhões de dólares em investimentos em sua maior rodada de investimentos até então. O principal investidor foi o General Atlantic e o aporte avaliou a companhia em mais de US$ 11,2 bilhões.
O faturamento da Wish em 2019 foi de mais de US$ 2 bilhões, ante receitas de US$ 1 bilhão há dois anos.
No Mercado Livre, o volume geral de vendas em 12 meses até setembro de 2019 foi de US$ 13,3 bilhões. Na Amazon, as vendas de produtos, descontando receitas com serviços, foram de US$ 154,6 bilhões. Já no Alibaba, o volume geral de vendas transacionado em seus marketplaces foi de US$ 853 bilhões no ano fiscal de 2019, que se encerrou em março.
Uma das preocupações da companhia é ser confundida com uma empresa chinesa, como o Aliexpress, já que mais de 85% dos fornecedores vê da Ásia.
A Wish investe em inteligência artificial para identificar produtos falsificados. Chegou a oferecer produtos e descontos a consumidores para identificarem produtos falsos, com qualidade ruim ou incompatíveis com os anúncios, segundo a Forbes. Combater pirataria é especialmente importante agora, quando a empresa busca vender mais produtos de marcas conhecidas.
Fonte: E-Commerce Brasil